ARTIGOS
*Sociólogo, membro do Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania da UFRGS
Por Antônio Marcelo Pacheco
O Maranhão não está tão longe assim como imaginamos. Ele está impregnado em todo o país. As violências, de tantas e diversas formas, grassam de Norte a Sul, implodindo lentamente o que chamamos de Estado democrático de direito. São resultantes das múltiplas e complexas contradições do Estado e da própria sociedade civil, tão refém, cúmplice e vítima de tudo aquilo que a ameaça e a expõe. O Brasil como um todo está em Pedrinhas!
A penitenciária de Pedrinhas tem filiais que se espalham por todo o território nacional, como também encontramos filiais da corrupção, de impunidade e de uma degradação social que de uma forma ou outra coloca os eventos programados para este ano de 2014 em uma perigosa incógnita, pois o Brasil real não se encontra com o Brasil ideal.
Os problemas não são apenas resultados de má gestão pública, de uma herança que confunde público com privado, mas, igualmente, são consequências de todo um histórico que se inicia na própria sociedade: junho de 2013 era para ser o começo, porém, acabou sendo apenas e midiaticamente um breve interregno.
Os problemas com a segurança pública, com a saúde, com a educação, com a habitação, com limpeza urbana, com a miséria não são novidades e nem mesmo surpresa, todos, inevitavelmente se constituíram em sujeitos de nossa cotidianidade. Às vezes, ocorre apenas de um ou de outro se destacarem na mídia, mas estão sempre ali, espreitando o momento em que contraditórios conquistarão o cenário de nossas atenções.
Em Porto Alegre, um assaltante foi morto dentro de um ônibus, pois tentava assaltar com uma arma de brinquedo. O nome disso não é legítima defesa, mas, sim, linchamento. Em Santa Maria, apenas ali, nesses primeiros dias de janeiro, seis pessoas já foram assassinadas, num índice geral nacional que projeta quase 500 mil para o ano que recém se inicia.
Estamos grave e socialmente doentes. É preciso, urgente, despertar para a nossa real condição, aceitar que precisamos reconhecer a derrota de uma série de valores, discursos e propagandas que nos venderam sobre o Brasil ideal. Caso contrário, o presídio de Pedrinhas, no grande feudo do Maranhão, mais do que nunca é apenas um pequeno exemplo, o pior exemplo daquilo que chamamos Brasil. E o preço para esta cegueira nacional poderá ser de muitas outras tantas Ana Clara, que aos seis anos morreu sem nem mesmo saber por quê. E, num ano de Copa do Mundo, as condições que favorecem o pior nos levam a temer pelo pior, pois para tudo, até mesmo para o medo e as violências sociais, há um limite indeterminado que só podemos temer e desesperar. É preciso que o país desperte logo, ou pelo menos se reconheça que o Maranhão não está tão longe assim de todos nós!
O Maranhão não está tão longe assim como imaginamos. Ele está impregnado em todo o país. As violências, de tantas e diversas formas, grassam de Norte a Sul, implodindo lentamente o que chamamos de Estado democrático de direito. São resultantes das múltiplas e complexas contradições do Estado e da própria sociedade civil, tão refém, cúmplice e vítima de tudo aquilo que a ameaça e a expõe. O Brasil como um todo está em Pedrinhas!
A penitenciária de Pedrinhas tem filiais que se espalham por todo o território nacional, como também encontramos filiais da corrupção, de impunidade e de uma degradação social que de uma forma ou outra coloca os eventos programados para este ano de 2014 em uma perigosa incógnita, pois o Brasil real não se encontra com o Brasil ideal.
Os problemas não são apenas resultados de má gestão pública, de uma herança que confunde público com privado, mas, igualmente, são consequências de todo um histórico que se inicia na própria sociedade: junho de 2013 era para ser o começo, porém, acabou sendo apenas e midiaticamente um breve interregno.
Os problemas com a segurança pública, com a saúde, com a educação, com a habitação, com limpeza urbana, com a miséria não são novidades e nem mesmo surpresa, todos, inevitavelmente se constituíram em sujeitos de nossa cotidianidade. Às vezes, ocorre apenas de um ou de outro se destacarem na mídia, mas estão sempre ali, espreitando o momento em que contraditórios conquistarão o cenário de nossas atenções.
Em Porto Alegre, um assaltante foi morto dentro de um ônibus, pois tentava assaltar com uma arma de brinquedo. O nome disso não é legítima defesa, mas, sim, linchamento. Em Santa Maria, apenas ali, nesses primeiros dias de janeiro, seis pessoas já foram assassinadas, num índice geral nacional que projeta quase 500 mil para o ano que recém se inicia.
Estamos grave e socialmente doentes. É preciso, urgente, despertar para a nossa real condição, aceitar que precisamos reconhecer a derrota de uma série de valores, discursos e propagandas que nos venderam sobre o Brasil ideal. Caso contrário, o presídio de Pedrinhas, no grande feudo do Maranhão, mais do que nunca é apenas um pequeno exemplo, o pior exemplo daquilo que chamamos Brasil. E o preço para esta cegueira nacional poderá ser de muitas outras tantas Ana Clara, que aos seis anos morreu sem nem mesmo saber por quê. E, num ano de Copa do Mundo, as condições que favorecem o pior nos levam a temer pelo pior, pois para tudo, até mesmo para o medo e as violências sociais, há um limite indeterminado que só podemos temer e desesperar. É preciso que o país desperte logo, ou pelo menos se reconheça que o Maranhão não está tão longe assim de todos nós!
*Sociólogo, membro do Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania da UFRGS
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Vale lembrar esta frase - "Onde não há justiça, as portas estão abertas para bandidos, rebeldes e justiceiros". Por este motivo não se pode andar nas ruas, os protestos agregam atos de violência e os justiceiros passam a linchar supostos bandidos. As leis existem, mas como não são aplicadas, é como se não existissem, portanto, o crime compensa e a impunidade acoberta. A nação precisa despertar para exigir ação e responsabilidade dos Poderes, aqueles que representam o povo, aqueles que governam para o povo e aqueles que aplicam a lei em nome do povo, a favor do direitos das pessoas observando a supremacia do interesse público onde a vida, a saúde, a educação, o patrimônio e o bem-estar das pessoas são prioridades. Ou o Brasil será o Maranhão amanhã, se já não é hoje!
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