quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

ONU PEDE INVESTIGAÇÃO IMEDIATA DE VIOLÊNCIA E MORTES EM PRESÍDIO DO MARANHÃO


FOLHA.COM 08/01/2014 - 08h44


LEANDRO COLON
DE LONDRES



A ONU (Organização das Nações Unidas) pediu nesta quarta-feira uma "investigação imediata, imparcial e efetiva" em relação às recentes cenas de violência e decapitação no presídio de Pedrinhas, no Maranhão.

Questionado pela Folha sobre as imagens reveladas ontem pelo jornal, o Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU disse, por meio de nota, "lamentar mais uma vez" a preocupação com o que classifica de "terrível estado" das prisões brasileiras.

No vídeo, filmado pelos próprios detentos com um celular, presos mostram em detalhes três rivais decapitados. Diante das câmeras, os detentos comemoram as mortes e se divertem exibindo as cabeças cortadas.

"Lamentamos ter que, mais uma vez, expressar preocupação com o terrível estado das prisões no Brasil e apelar às autoridades a tomar medidas imediatas para restaurar a ordem na prisão de Pedrinhas e em outras prisões pelo país, bem como para reduzir a superlotação e oferecer condições dignas para pessoas privadas de liberdade", disse o Alto Comissariado para os Direitos Humanos, órgão sediado em Genebra (Suíça).

Sobre as imagens, a ONU respondeu: "Apelamos às autoridades brasileiras para realizar uma investigação imediata, imparcial e efetiva dos fatos e processar as pessoas consideradas responsáveis".

O Alto Comissariado para os Direitos Humanos é a instância máxima das Nações Unidas no combate à violação dos direitos humanos pelo mundo.

"Estamos incomodados por saber das conclusões do recente relatório do Conselho Nacional de Justiça, revelando que cinquenta e nove detentos foram mortos em 2013 no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, assim como as últimas imagens de violência explícita entre os presos libertados", disse.

Ontem, governo do Maranhão classificou as imagens da decapitação de presos como "um ato de completa selvageria". A gestão de Roseana Sarney (PMDB) também criticou a divulgação do vídeo.


Após onda de ataques, venda de combustíveis em vasilhame é proibida no MA


A venda de combustíveis em qualquer tipo de vasilhame está proibida por tempo indeterminado em todo Estado do Maranhão. A determinação foi anunciada na terça-feira (7) pelo Comando da Polícia Militar.

Com a determinação, a venda de combustível está restrita para quem for abastecer os veículos diretamente nos postos. Quem vender combustível em vasilhame pode ser preso, de acordo com a Polícia Militar.

A suspensão da venda de combustível em vasilhames da foi motivada pela onda de ataques registrada nos últimos dias que resultou em ao menos quatro ônibus incendiados. Em um dos ataques, a menina Ana Clara Santos Sousa, 6, teve 95% do corpo queimado e morreu na manhã de segunda-feira (6).

Outras quatro pessoas permanecem internadas devido a queimaduras no corpo. Entre elas, a irmã de Ana Clara, Lorane Beatriz Santos, de um ano e cinco meses, e a mãe dela, Juliane Carvalho Santos, 22. A criança está com 20% do corpo queimado e a mãe, com 40%.

Além dos quatro ônibus incendiados, duas delegacias foram atacadas e um policial militar aposentado foi morto a tiros entre sexta-feira e sábado. O governo de Roseana Sarney (PMDB) diz que os ataques partiram de dentro do complexo de Pedrinhas.

No último dia 31, a Polícia Militar, que assumiu a segurança em Pedrinhas, fez uma blitz nos presídios do Estado. No total, foram recolhidas 300 armas improvisadas, entre facas, facões e estiletes, além de drogas, bebidas alcoólicas e celulares.

A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão apresentou 11 detidos apontados como suspeitos de envolvimento nas ações criminosas. Dois deles são adolescentes.

CRISE NO SISTEMA PRISIONAL

Um dos supostos mandantes dos ataques foi identificado como Jorge Henrique Amorim Martins, 21, conhecido como Dragão. Ele está preso no complexo de Pedrinhas desde dezembro de 2012.

O complexo vive uma crise desde o ano passado. A truculência das mortes na prisão, com decapitações, é alvo de críticas de organismos internacionais.

Por isso, o governo federal ofereceu ajuda ao Estado do Maranhão: propôs a transferência dos líderes do complexo para presídios federais. O governo de Roseana ainda não respondeu sobre a oferta.

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