sábado, 14 de abril de 2012

REIS REINANTES

WANDERLEY SOARES, O SUL
Porto Alegre, Sábado, 14 de Abril de 2012.


A mídia, com apoio de uma sociedade monitorada por shows televisivos, exige que mais infratores sejam depositados em casas prisionais e lá apodreçam.

Como os poderes da República, da União e dos municípios - e quando abordo este tema, há algumas décadas, direciono minha visão para o Executivo, Legislativo e Judiciário - colocam, constantemente, calculada e friamente, cada cidadão, do amanhecer ao anoitecer, sob tensão e até sob medo, pois a não ser os que usufruem das benesses dos reis reinantes não sentem no bolso, na mesa e em sua segurança pessoal os privilégios que, compulsoriamente, devem ser pagos aos que tudo possuem em desfavor aos que quase nada tem, cabe aos líderes de movimentos sociais uma permanente prontidão indignada diante do mínimo sintoma de descalabro praticado por aqueles que são contemplados pelo "mejor del mejor" do baú do erário. Nesta prontidão desarmada, a sociedade espera a participação dos profissionais da comunicação, entre os quais estou eu em minha acuada e sucateada torre de humilde marquês. Sigam-me.

Faniquitos

A indignação dos comunicadores, no entanto, marcadamente na seara da segurança pública, preferencialmente, não deveria obedecer a faniquitos eventuais, até porque a própria mídia teve e tem a sua parte de contribuição no que está acontecendo, por exemplo, no Presídio Central de Porto Alegre. Enquanto o Central foi um problema somente para os que lá eram internados por decisão da Justiça e para os profissionais que lá trabalhavam e trabalham por dever de ofício, com salários vexaminosos, as histórias sobre este depósito de criaturas humanas eram até romanceadas. Quando o Central se tornou uma ameaça para a sociedade, a mídia acordou parcialmente para a realidade e passou a cantar a sua melodia no mesmo diapasão virtual dos governos que prometiam e prometem soluções mágicas. Ainda hoje, num primeiro momento, a mídia, com apoio de uma sociedade monitorada por shows televisivos, exige que mais infratores sejam depositados em casas prisionais. Há quem defenda que sejam colocados em contêineres e que lá apodreçam. Paralelamente, surgem os textos bonitos, credenciados para conquistar alguns prêmios de direitos humanos, que pedem comiseração para a população carcerária. A mesma população carcerária que a mídia aponta como no comando de sequestros, assaltos, tráfico de drogas e armas, execuções de bandos rivais e mais modernamente no assombro de juízes, promotores e policiais. A seguir...

O Especialista

Neste a seguir penso que cabe registrar que o governo da transversalidade de Tarso Genro, na política da segurança pública e, principalmente, no campo penitenciário, errou o alvo. Airton Michels conhece a questão penitenciária de todo o País, e exatamente por isso ele foi convocado pelo senhor do Piratini, e exatamente, neste ponto, se ergueu a coluna mais frágil de sua gestão na pasta da Segurança. Michels é silencioso e Tarso é escorregadio. Os meus conselheiros, reunidos em minha torre, sem diagnóstico final, acreditam que houve um desencontro ou uma troca de papéis nessa obra de arte e dizem que Michels escorregou e Tarso, por ora, optou pelo silêncio dialético.

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