sexta-feira, 17 de maio de 2013

PRISÃO VIRA CASA

ZERO HORA 17 de maio de 2013 | N° 17435


IPF serve de moradia para 53 internos


Sem destino fora dos muros do Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), em Porto Alegre, 53 internos com medida de segurança extinta (liberados pelos médicos e pela Justiça) permanecem indevidamente na instituição.

– Tem muita gente que poderia ter saído e continua aqui dentro. Muitas vezes o fato delituoso foi contra a família, como a morte de familiar. Eles não querem mais o paciente de volta. Não tem para onde ir. Nós não temos hoje residenciais terapêuticos suficientes para pessoas com doença mental – diz a diretora do IPF, Magda Pires.

O IPF abriga 440 homens e mulheres que cometeram crimes. Do total, 43% estão envolvidos em homicídios e tentativas de homicídio. O prazo inicial da medida de segurança vai de um a três anos. Na prática, porém, podem ficar o resto da vida, dependendo do parecer médico.

O interno José, 54 anos, que chegou há 13 anos ao IPF, conta que a família não quer mais saber dele.

– Eu gosto de atividades aqui. Todos são meus amigos – conta animado enquanto mostra o dormitório.

A promotora de justiça Cynthia Feyh Jappur, da Promotoria de Controle e de Execução Criminal de Porto Alegre, diz que já ouviu muitas promessas, mas nada saiu do papel. No atual cenário, ela entende que é melhor o interno ficar no IPF, enquanto não tem para onde ir.

– Não se pode abandonar internos na rua. O Estado é responsável dentro e fora do IPF – ressalta a promotora Cynthia Feyh.

LEANDRO STAUDT

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