segunda-feira, 20 de maio de 2013

PLANO PARA PLANTAR MACONHA EM PRESÍDIO

G1 20/05/2013 13h18

Escuta flagra plano de detento para plantar maconha em presídio no RS. Fantástico mostrou facilidade com que detentos saem e voltam ao IPV. Superintendente da Susepe que trabalha para resolver o problema.

Do G1 RS



Imagens mostram buracos na tela do IPV e presos saindo do presídio por uma escada (Foto: Fábio Almeida e Reprodução/RBSTV)

Um preso do Instituto Penal de Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, planejava plantar maconha nos fundos do presídio para "ganhar dinheiro". O telefonema à família foi flagrado por escutas. No domingo (19), o Fantástico mostrou imagens que demonstram a facilidade com que presos saem e retornam para a casa de detenção, considerada a maior do regime semiaberto no Rio Grande do Sul, com 278 detentos.


O IPV faz divisa com o Parque Saint-Hilaire. De dentro do presídio, um detento revela por telefone à família detalhes do próximo plano, como mostra a reportagem do Jornal do Almoço, da RBS TV (veja o vídeo ao lado).

"Vou plantar para ganhar dinheiro", diz o preso. "Deus que me perdoe, tá louco!", responde uma mulher. "Amanhã eu e o pai vamos sair atrás da muda de maconha", segue ele. "Sai cedo para a polícia não pegar vocês", orienta a mulher do outro lado da linha.

Em outra gravação, um preso promete para a namorada aniversariante que vai passar o domingo com ela. É simples, basta sair pelo buraco da tela. "Eu não vou, é meu aniversário", diz a namorada ao detento, também por telefone. "É o teu aniversário e tu não quer ficar comigo?", questiona o homem. "Aí dentro, não", responde ela. "Então tá, eu vou sair, vou aí na rua. Vou sair pelos fundos, depois eu volto".

Em outro ponto da cerca do IPV, os presos improvisaram até um portão. Quem sofre com o medo, são os vizinhos. "De dia eles atravessam a hora que eles querem. Ali eles que mandam. Atravessam, arrebentam a cerca, de arma na mão", relata um morador que não se identifica.


Armas não faltam. Imagens gravadas por um agente penitenciário no fim de 2012 mostram a organização dos presos. Com uma escada, eles descem um a um. Uns usam toca-ninja. Outro desce segurando duas pistolas e esse uma submetralhadora, como mostra a reportagem do Fantástico (veja o vídeo ao lado). São pelo menos 10 homens que desaparecem na mata em poucos minutos.

A juíza Liliane Michels Ortiz cuida do processo da investigação sobre o IPV. "Fiquei estupefata com a realidade que eu vi no processo. No Instituto Penal de Viamão o controle está totalmente perdido", diz.

É o que garante também uma jovem que já frequentou o presídio. Viciada em drogas, ela praticamente morou na casa prisional enquanto se prostituía. "Eu fiquei dois, três dias. Eu ia, saía e voltava, entendeu? Durante o dia a gente ficava...as meninas ficam nas celas. Durante a noite eles fazem churrasco, e a gente fica ali com eles. Jogamos carta. Tranquilo", relata a mulher "Rola tudo. Rola sexo, rola droga, rola dinheiro, rola arma, traficante", completa.

Em janeiro, a polícia prendeu 33 detentos e encontrou armas e drogas dentro da celas. A causa da operação foi o número de crimes cometidos por quem deveria estar preso. "Identificamos que aqueles indivíduos que deveriam estar recolhidos,durante o período do cárcere, eles saíam, iam cometer estes delitos na rua e retornavam para dentro do presídio", relata o delegado Eibert Moreira.

Um desses crimes ocorreu em janeiro em um bar na Zona Leste de Porto Alegre. A esposa do comerciante Élgio e o enteado dele foram mortos por um preso foragido do IPV. "Ele só falou que era um assalto. Quando eu olhei para trás, o Michel já estava caindo. Ela foi socorrer ele e foi lastimável também... pelas costas", lamenta o comerciante.

Em outra imagem obtida pela RBS TV, os presos aparecem voltando correndo para as galerias. "Vem , Marcelo, vem. Os 'homi' tão no mato. Os ‘homi’ tão no mato!!!", diz um detento a outro.

"A falta de estrutura do sistema carcerário é a estrutura básica do crime organizado. Sem esta falta de estrutura, não prosperaria muitas das situações que eles vêm perpetrando”, diz o tenente-coronel Marcelo Giusti.

O Superintendente dos Serviços Penitenciário do estado reconhece as más condições do IPV, mas lamenta a falta de alternativas para resolver o problema. "Hoje eu não tenho condições de fechar. Porque eu não tenho outro local que possa servir de referência, que venha a suprir a deficiência daquela casa. Mas estamos trabalhando, sim. Estamos em projetos de construção de quatro casas com capacidade para 150".

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