FANTÁSTICO, REDE GLOBO 19/05/2013 21h02
Imagens foram feitas por um agente penitenciário no Instituto Penal de Viamão, na grande Porto Alegre, o maior do regime semiaberto gaúcho - com 278 detentos.
O Fantástico traz um flagrante inacreditável feito no Brasil: no meio da noite, presos fogem de uma casa de detenção por uma escada, vão praticar crimes e depois voltam para a cadeia com produtos roubados, mantimentos e drogas. Que prisão é essa?
“Rola tudo. Rola sexo, rola droga, rola dinheiro, rola arma. Traficante”.
“Eu jamais pude imaginar uma situação como esta dentro de um presídio”, disse a juíza Liliane Michels Ortiz.
As imagens foram feitas por um agente penitenciário no Instituto Penal de Viamão, na grande Porto Alegre, o maior do regime semiaberto gaúcho - com 278 detentos. O mais fácil é sair.
As gravações foram obtidas com exclusividade pelo repórter Fábio Almeida.
Um dos detentos aparece em cima do muro. Ele apoia uma escada de madeira na parede e desce para o pátio. Ao todo, dez detentos caminham tranquilamente para fora da prisão.
Repare que alguns usam toucas-ninja. Outros carregam armas. Este leva uma submetralhadora.
Mas não é uma fuga. Depois de algumas horas, eles voltam carregando sacolas. Nada parece intimidá-los. A única preocupação é esconder o rosto ou fugir quando a polícia aparece.
As imagens são do fim do ano passado e foram entregues à polícia pelo agente. Em janeiro, uma revista no Instituto Penal de Viamão expôs a falta de segurança. Policiais encontraram armas até no pátio. Por causa disso, a Justiça proibiu o ingresso de novos detentos.
“Foram apreendidas muitas armas, uma enorme quantidade de drogas. Certo. Celulares, chips e uma coisa que demonstra perfeitamente, e isso não foi apreensão, isso é constatação da precariedade da segurança é que foi encontrado seis mulheres dentro do presídio. E o presídio é só masculino”, disse a juíza.
O Fantástico conversou com uma das mulheres que esteve lá dentro.
“Eu fiquei dois, três dias. Eu ia e saia e voltava, entendeu? Eu fui pra fazer programa. Eles me davam o dinheiro e eu usava a droga livremente. Quem é drogada, vê tanta droga lá dentro, que não quer sair. Vai sair pra quê?”, disse.
Os presos cumprem penas no regime semi-aberto. Alguns têm autorização da Justiça para trabalhar podem passar o dia na rua, mas todos precisam passar a noite atrás das grades. Os confrontos entre polícia e criminosos são freqüentes, foram cinco esse ano.
A equipe do Fantástico mostra a situação no Instituto Penal de Viamão. Quando chegou com a Polícia Militar, acabou ocorrendo uma operação, pois alguns estavam tentando fugir no momento. Quando a polícia chegou, alguns retornaram correndo pra dentro do Instituto Penal e entraram por aberturas, buracos na grade. São vários. Praticamente nada separa o pátio do lado de fora. A situação é tão escancarada, que os detentos vigiam a movimentação da polícia à espera de voltar para a rua.
Muitos não voltam. Só nos primeiros quatro meses do ano, 280 presos escaparam. Uma média de duas fugas por dia. Só que ficar também é bom negócio.
“Eles vem pra cá, respondem a chamada, dão um tempo dentro do IPV e saem. Cometem os delitos e saem. Respondem a próxima chamada. A defesa dele vai dizer não, ele respondeu a chamada e estava dentro do IPV. Hoje consiste num álibi maravilhoso”, disse o comandante da Brigada Militar de Viamão, Marcelo Giusti.
Álibi inclusive para matar. Num assalto, Élgio perdeu a mulher e o enteado - um jovem de vinte e três anos que era policial. No momento do crime, o assassino deveria estar dentro do Instituto Penal de Viamão
“Entrou no local, anunciou que queria dinheiro e o Michel reagiu. O assaltante descarregou 15 tiros. Questão de minutos, desabou o mundo”, conta Élgio Luiz da Cunha, comerciante.
O assassino Chaves Roberto de Souza Barbosa foi morto na troca de tiros.
Criada em 2004, a casa de detenção sempre foi motivo de reclamação para a vizinhança.
“Ser vizinho dele é tu tá no inferno. Eles mandam tu fechar a porta. Eles manda".
"Eles encostaram o revólver na minha cabeça e ameaçaram de me matar. Levaram celular, dinheiro.”, disse uma vítima.
Em apenas uma investigação, feita este ano, a Polícia Civil identificou 36 detentos do instituto como autores de assaltos na região. Todos eles serão julgados e poderão ter as penas aumentadas.
O superintendente dos serviços penitenciários, responsável pela administração dos presídios gaúchos, disse ao Fantástico que achava que o problema com os buracos nas grades já estava solucionado e vai cobrar explicações da direção do instituto penitenciário. Mas ele reconhece: o local é inseguro.
“A estrutura física daquele local, ela não oferece segurança. Hoje eu não tenho condições de fechá-lo. Estamos em projetos de construção de quatro casas com capacidade para 150”, afirma Gelson Treisleben, superintendente dos servicos penitenciarios.
Enquanto as soluções são discutidas, os bandidos são e entram à vontade.
“Eles não identificam como regime semiaberto, mas como regime sempre aberto”, disse o coronel.
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O Fantástico traz um flagrante inacreditável feito no Brasil: no meio da noite, presos fogem de uma casa de detenção por uma escada, vão praticar crimes e depois voltam para a cadeia com produtos roubados, mantimentos e drogas. Que prisão é essa?
“Rola tudo. Rola sexo, rola droga, rola dinheiro, rola arma. Traficante”.
“Eu jamais pude imaginar uma situação como esta dentro de um presídio”, disse a juíza Liliane Michels Ortiz.
As imagens foram feitas por um agente penitenciário no Instituto Penal de Viamão, na grande Porto Alegre, o maior do regime semiaberto gaúcho - com 278 detentos. O mais fácil é sair.
As gravações foram obtidas com exclusividade pelo repórter Fábio Almeida.
Um dos detentos aparece em cima do muro. Ele apoia uma escada de madeira na parede e desce para o pátio. Ao todo, dez detentos caminham tranquilamente para fora da prisão.
Repare que alguns usam toucas-ninja. Outros carregam armas. Este leva uma submetralhadora.
Mas não é uma fuga. Depois de algumas horas, eles voltam carregando sacolas. Nada parece intimidá-los. A única preocupação é esconder o rosto ou fugir quando a polícia aparece.
As imagens são do fim do ano passado e foram entregues à polícia pelo agente. Em janeiro, uma revista no Instituto Penal de Viamão expôs a falta de segurança. Policiais encontraram armas até no pátio. Por causa disso, a Justiça proibiu o ingresso de novos detentos.
“Foram apreendidas muitas armas, uma enorme quantidade de drogas. Certo. Celulares, chips e uma coisa que demonstra perfeitamente, e isso não foi apreensão, isso é constatação da precariedade da segurança é que foi encontrado seis mulheres dentro do presídio. E o presídio é só masculino”, disse a juíza.
O Fantástico conversou com uma das mulheres que esteve lá dentro.
“Eu fiquei dois, três dias. Eu ia e saia e voltava, entendeu? Eu fui pra fazer programa. Eles me davam o dinheiro e eu usava a droga livremente. Quem é drogada, vê tanta droga lá dentro, que não quer sair. Vai sair pra quê?”, disse.
Os presos cumprem penas no regime semi-aberto. Alguns têm autorização da Justiça para trabalhar podem passar o dia na rua, mas todos precisam passar a noite atrás das grades. Os confrontos entre polícia e criminosos são freqüentes, foram cinco esse ano.
A equipe do Fantástico mostra a situação no Instituto Penal de Viamão. Quando chegou com a Polícia Militar, acabou ocorrendo uma operação, pois alguns estavam tentando fugir no momento. Quando a polícia chegou, alguns retornaram correndo pra dentro do Instituto Penal e entraram por aberturas, buracos na grade. São vários. Praticamente nada separa o pátio do lado de fora. A situação é tão escancarada, que os detentos vigiam a movimentação da polícia à espera de voltar para a rua.
Muitos não voltam. Só nos primeiros quatro meses do ano, 280 presos escaparam. Uma média de duas fugas por dia. Só que ficar também é bom negócio.
“Eles vem pra cá, respondem a chamada, dão um tempo dentro do IPV e saem. Cometem os delitos e saem. Respondem a próxima chamada. A defesa dele vai dizer não, ele respondeu a chamada e estava dentro do IPV. Hoje consiste num álibi maravilhoso”, disse o comandante da Brigada Militar de Viamão, Marcelo Giusti.
Álibi inclusive para matar. Num assalto, Élgio perdeu a mulher e o enteado - um jovem de vinte e três anos que era policial. No momento do crime, o assassino deveria estar dentro do Instituto Penal de Viamão
“Entrou no local, anunciou que queria dinheiro e o Michel reagiu. O assaltante descarregou 15 tiros. Questão de minutos, desabou o mundo”, conta Élgio Luiz da Cunha, comerciante.
O assassino Chaves Roberto de Souza Barbosa foi morto na troca de tiros.
Criada em 2004, a casa de detenção sempre foi motivo de reclamação para a vizinhança.
“Ser vizinho dele é tu tá no inferno. Eles mandam tu fechar a porta. Eles manda".
"Eles encostaram o revólver na minha cabeça e ameaçaram de me matar. Levaram celular, dinheiro.”, disse uma vítima.
Em apenas uma investigação, feita este ano, a Polícia Civil identificou 36 detentos do instituto como autores de assaltos na região. Todos eles serão julgados e poderão ter as penas aumentadas.
O superintendente dos serviços penitenciários, responsável pela administração dos presídios gaúchos, disse ao Fantástico que achava que o problema com os buracos nas grades já estava solucionado e vai cobrar explicações da direção do instituto penitenciário. Mas ele reconhece: o local é inseguro.
“A estrutura física daquele local, ela não oferece segurança. Hoje eu não tenho condições de fechá-lo. Estamos em projetos de construção de quatro casas com capacidade para 150”, afirma Gelson Treisleben, superintendente dos servicos penitenciarios.
Enquanto as soluções são discutidas, os bandidos são e entram à vontade.
“Eles não identificam como regime semiaberto, mas como regime sempre aberto”, disse o coronel.
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