EDUARDO TORRES
As escutas feitas pela polícia revelam a tranquilidade com que o traficante negociava de dentro do Presídio Central, como se estivesse em um escritório. De lá, Nataniel da Silva determinava, por telefone e internet, desde o funcionamento dos pontos de tráfico até os rumos dos seus investimentos.
Em 2009, ele era considerado apenas mais um traficante em Alvorada. Liderava um pequeno grupo e foi preso pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) com crack escondido na casa de bonecas da filha, no pátio de casa.
Já na cadeia, o primeiro sinal de enriquecimento do líder teria sido a construção de casas para alugar em Alvorada. Com o dinheiro dos aluguéis, ele projetava novas construções. Conforme a investigação, já teriam sido erguidas cinco casas a partir do dinheiro do tráfico. O mais recente projeto, no entanto, era migrar para o ramo dos transportes. Da sua cela, Nataniel já teria encomendado à companheira a compra de vans.
Detento telefonava até para o MP
As escutas feitas pela polícia revelam a tranquilidade com que o traficante negociava de dentro do Presídio Central, como se estivesse em um escritório. De lá, Nataniel da Silva determinava, por telefone e internet, desde o funcionamento dos pontos de tráfico até os rumos dos seus investimentos.
Em 2009, ele era considerado apenas mais um traficante em Alvorada. Liderava um pequeno grupo e foi preso pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) com crack escondido na casa de bonecas da filha, no pátio de casa.
Já na cadeia, o primeiro sinal de enriquecimento do líder teria sido a construção de casas para alugar em Alvorada. Com o dinheiro dos aluguéis, ele projetava novas construções. Conforme a investigação, já teriam sido erguidas cinco casas a partir do dinheiro do tráfico. O mais recente projeto, no entanto, era migrar para o ramo dos transportes. Da sua cela, Nataniel já teria encomendado à companheira a compra de vans.
Detento telefonava até para o MP
Ligações gravadas pelos investigadores indicam que o uso de celular no Presídio Central vai além das negociações feitas por Nataniel da Silva. Ontem, o Jornal Nacional, da Rede Globo, mostrou que detentos entram em contato com tribunais e o Ministério Público em busca de informações sobre os processos a que respondem. Às vezes, se identificam até mesmo como advogados. Em uma das ligações ao MP, um traficante preso pede para que o processo seja agilizado.
Segundo a Justiça gaúcha e o Superior Tribunal de Justiça (STJ), as informações passadas aos detentos sobre os processos são públicas e estão disponíveis para qualquer cidadão. A direção do Presídio Central admitiu que é muito difícil controlar a entrada de celulares, mas afirmou que faz revistas semanalmente. De janeiro até julho, 850 aparelhos foram apreendidos com os presos.
Segundo a Justiça gaúcha e o Superior Tribunal de Justiça (STJ), as informações passadas aos detentos sobre os processos são públicas e estão disponíveis para qualquer cidadão. A direção do Presídio Central admitiu que é muito difícil controlar a entrada de celulares, mas afirmou que faz revistas semanalmente. De janeiro até julho, 850 aparelhos foram apreendidos com os presos.
Operação corta linha do tráfico. Polícia Civil sequestrou bens e prendeu integrantes de uma quadrilha de Alvorada comandada de dentro do Presídio Central
Diante do choro da filha, Luciana manteve o silêncio e a cabeça erguida até ser colocada em uma viatura. Caía naquele momento a mulher apontada como administradora de um império da droga que comprova o descontrole das cadeias. O líder do esquema era Nataniel da Silva, 34 anos, companheiro de Luciana. Ele criou e fortaleceu seu domínio a partir do Presídio Central, onde está preso desde 2009 e hoje lidera uma galeria.
– A operação foi deflagrada com a intenção de cortar qualquer possibilidade de continuidade do tráfico por essa organização. E seguiremos identificando aliados – explicou a delegada Graciela Foresti, que comandou, pela 3ª Delegacia da Polícia Civil de Alvorada, a Operação Espreita.
Em seis meses de investigação, a polícia detectou um patrimônio que beira R$ 1 milhão, entre carros e casas. Eram formas de lavagem do dinheiro obtido com a venda de cocaína, crack e maconha.
– Este traficante conseguiu acumular muita influência, tem controle absoluto do que os seus comandados fazem. Ainda apuramos a possível ligação dele com alguma facção que atua nos presídios – apontou a delegada Graciela.
A base da quadrilha estaria entre os bairros Jardim Aparecida, Jardim Porto Alegre e Jardim Alvorada. Áreas que seriam dominadas pelos Bala na Cara. O bando de Nataniel, que pode estar associado à facção, já tinha ramificações na Capital e em municípios como Canoas, Guaíba e São Leopoldo.
Quando os 150 agentes tomaram as ruas de toda uma região de Alvorada, no começo da manhã de ontem, a investigação já havia amarrado os tentáculos de Nataniel da Silva. Por determinação da Justiça, três casas e 40 veículos, que tiveram comprovadamente origem em dinheiro do crime, foram sequestrados pela Justiça, além de 30 contas bancárias em nome de funcionários da quadrilha, familiares ou laranjas.
– Todos esses bens foram adquiridos de um ano para cá. E nada foi declarado à Receita Federal – disse a delegada Graciela.
Carros e moto aquática foram apreendidos
Para dificultar a detecção do dinheiro, a arrecadação de laranjas para o esquema seguia um método próprio. Luciana seria a responsável pelos depósitos nas contas fornecidas e 30% do valor ficava com o titular.
– A circulação de dinheiro entre eles era intensa – reforçou a responsável pela apuração.
Ontem, a polícia apreendeu R$ 30 mil entre os mais de 20 mandados de busca. Também foram recolhidos nove veículos, entre eles uma moto aquática, que ficava na casa de um dos funcionários da organização criminosa.
As escutas da polícia - Detento do Presídio Central, em Porto Alegre, o líder da quadrilha encomenda desde cocaína até arma, além de luxos para a sua cela.
Nataniel – Sabe aquele 150* de pó aí? A guria vai pegar 150 de pó e 100 de pedra aí, tá.
Gerente – Tá, tá na mão.
Nataniel – Ó, meu, seguinte: o oitãozinho (revólver calibre 38) já tá por aí?
Parceiro – Não.
Nataniel – Meu irmão foi pro semiaberto e precisa levar esse oitãozinho pra ele, mano.
Parceiro – Eu vou ver outro aqui e já mando pra ele.
Nataniel – Seguinte, amanhã de manhã tu já pega uns remédios aí, tá ligado. Vai ali no Pio Buck e pergunta se ele tá precisando de mais alguma coisa pra levar pra ele ali, tá na mão.
Nataniel – Se tu pudesse comprar um freezer pra trazer sexta pra nós...
Gerente – Tá, e aí quem vai levar?
Nataniel –Tu.
Nataniel – Tá, e esse pó que tu pegou, qual que é?
Traficante – Um amarelo forte. Empedrado.
Nataniel – Empedrado? Tem que ser branquinho que nem aquele meu “escama”, filho (cocaína escama de peixe, de alto teor de pureza).
Traficante – Ah, mas aquele lá é ruim de conseguir, né, filho. E aquele lá é caro, esse outro aqui é bem baratinho.
Nataniel – Quanto esse aí?
Traficante – Esse aqui é 10 pila, 9 pila. Se tu arrumar uns briquezinhos pra nós aí...
Fonte: *A polícia ainda não revelou se os números referem-se a gramas ou reais
A casa de dois pisos dava a impressão de que um promissor empresário do Passo do Feijó, em Alvorada, morava no local. Por dentro, uma cozinha bem equipada, TVs de tela grande e móveis novos confirmavam a sensação de sucesso. O dia amanhecia quando policiais civis entraram na residência, ontem, e saíram com Luciana Bayer Casaroli, 29 anos, algemada. Outras 23 pessoas foram detidas, incluindo o gerente e o fornecedor de drogas da quadrilha, peças fundamentais para o funcionamento da organização criminosa.
Diante do choro da filha, Luciana manteve o silêncio e a cabeça erguida até ser colocada em uma viatura. Caía naquele momento a mulher apontada como administradora de um império da droga que comprova o descontrole das cadeias. O líder do esquema era Nataniel da Silva, 34 anos, companheiro de Luciana. Ele criou e fortaleceu seu domínio a partir do Presídio Central, onde está preso desde 2009 e hoje lidera uma galeria.
– A operação foi deflagrada com a intenção de cortar qualquer possibilidade de continuidade do tráfico por essa organização. E seguiremos identificando aliados – explicou a delegada Graciela Foresti, que comandou, pela 3ª Delegacia da Polícia Civil de Alvorada, a Operação Espreita.
Em seis meses de investigação, a polícia detectou um patrimônio que beira R$ 1 milhão, entre carros e casas. Eram formas de lavagem do dinheiro obtido com a venda de cocaína, crack e maconha.
– Este traficante conseguiu acumular muita influência, tem controle absoluto do que os seus comandados fazem. Ainda apuramos a possível ligação dele com alguma facção que atua nos presídios – apontou a delegada Graciela.
A base da quadrilha estaria entre os bairros Jardim Aparecida, Jardim Porto Alegre e Jardim Alvorada. Áreas que seriam dominadas pelos Bala na Cara. O bando de Nataniel, que pode estar associado à facção, já tinha ramificações na Capital e em municípios como Canoas, Guaíba e São Leopoldo.
Quando os 150 agentes tomaram as ruas de toda uma região de Alvorada, no começo da manhã de ontem, a investigação já havia amarrado os tentáculos de Nataniel da Silva. Por determinação da Justiça, três casas e 40 veículos, que tiveram comprovadamente origem em dinheiro do crime, foram sequestrados pela Justiça, além de 30 contas bancárias em nome de funcionários da quadrilha, familiares ou laranjas.
– Todos esses bens foram adquiridos de um ano para cá. E nada foi declarado à Receita Federal – disse a delegada Graciela.
Carros e moto aquática foram apreendidos
Para dificultar a detecção do dinheiro, a arrecadação de laranjas para o esquema seguia um método próprio. Luciana seria a responsável pelos depósitos nas contas fornecidas e 30% do valor ficava com o titular.
– A circulação de dinheiro entre eles era intensa – reforçou a responsável pela apuração.
Ontem, a polícia apreendeu R$ 30 mil entre os mais de 20 mandados de busca. Também foram recolhidos nove veículos, entre eles uma moto aquática, que ficava na casa de um dos funcionários da organização criminosa.
As escutas da polícia - Detento do Presídio Central, em Porto Alegre, o líder da quadrilha encomenda desde cocaína até arma, além de luxos para a sua cela.
Nataniel – Sabe aquele 150* de pó aí? A guria vai pegar 150 de pó e 100 de pedra aí, tá.
Gerente – Tá, tá na mão.
Nataniel – Ó, meu, seguinte: o oitãozinho (revólver calibre 38) já tá por aí?
Parceiro – Não.
Nataniel – Meu irmão foi pro semiaberto e precisa levar esse oitãozinho pra ele, mano.
Parceiro – Eu vou ver outro aqui e já mando pra ele.
Nataniel – Seguinte, amanhã de manhã tu já pega uns remédios aí, tá ligado. Vai ali no Pio Buck e pergunta se ele tá precisando de mais alguma coisa pra levar pra ele ali, tá na mão.
Nataniel – Se tu pudesse comprar um freezer pra trazer sexta pra nós...
Gerente – Tá, e aí quem vai levar?
Nataniel –Tu.
Nataniel – Tá, e esse pó que tu pegou, qual que é?
Traficante – Um amarelo forte. Empedrado.
Nataniel – Empedrado? Tem que ser branquinho que nem aquele meu “escama”, filho (cocaína escama de peixe, de alto teor de pureza).
Traficante – Ah, mas aquele lá é ruim de conseguir, né, filho. E aquele lá é caro, esse outro aqui é bem baratinho.
Nataniel – Quanto esse aí?
Traficante – Esse aqui é 10 pila, 9 pila. Se tu arrumar uns briquezinhos pra nós aí...
Fonte: *A polícia ainda não revelou se os números referem-se a gramas ou reais
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