ZERO HORA 06 de janeiro de 2017 | N° 18734
JOABEL PEREIRA*
É claro que a situação do sistema prisional brasileiro é péssima, da mesma forma que a permissividade legislativa e o formalismo de decisões judiciais se tornam um incentivo à deterioração interna e externa. Dentro dos presídios pela “administração” de facções, fora deles pela efetivação das ordens que os “batizados”, familiares e defensores, cumprem e que se materializam nos furtos, roubos e homicídios.
O massacre de Manaus é etapa semifinal do domínio do crime sobre a sociedade. A partir daí, só a barbárie geral, com as organizações criminosas ganhando condição formal e institucional, infiltradas nos setores que deveriam governador e administrar o país.
A comprovação dessa possibilidade e da incapacidade de mudança no organizar e agir em defesa da sociedade está na desfaçatez com que o “caso Manaus” é tratado.
Revolta ouvir de todos os setores, citados para não deixar dúvida: governo do Amazonas, Ministério Público do Amazonas, TCE do Amazonas, Polícia Federal, Ministério Público Federal, Ministério da Justiça e Poder Judiciário, este, da Vara de Execuções ao STF, que tudo era conhecido.
Assim, estamos diante da mais evidente e declarada omissão suscetível de penalização, no mínimo com o afastamento de todos os que sabiam e nada fizeram para prevenir. Ou, muito pior e bem mais provável, temos o mais apurado caso de oportunismo.
Dói ver e ouvir relatos de levantamentos e informações que anunciavam que se tratava de uma bomba prestes a explodir e nada foi feito para evitar. Revolta a naturalidade com que representantes de todos os setores referidos se mostram preocupados e interessados em soluções que não implementaram a tempo de evitar o pior.
Decididamente, omissão e oportunismo parecem as duas faces de uma mesma moeda, a do escárnio à sociedade e suas necessidades. São elas que engordam a demagogia e fortalecem a certeza de que o próximo massacre fará esquecer o que estamos testemunhando.
*Jornalista
joabeljp@gmail.com
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