segunda-feira, 13 de junho de 2011

PASC - PROBLEMAS DE UM PRESÍDIO DE "SEGURANÇA MÁXIMA"

A Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) pode não oferecer segurança máxima, mas é a mais inexpugnável prisão gaúcha. ZERO HORA 13/06/2011

Confira os mecanismos de segurança que funcionavam na época da fuga de 1999 e os que funcionam hoje:

GRADES - Cada pavilhão tem quatro galerias (uma por andar) formadas por celas individuais. Cada cela tem duas grades, uma na porta e outra por fora desta, tornando difícil ao preso serrá-las. Na época, Papagaio teria serrado a grade da janela da cela (foto acima), que é única. Ontem a fuga teria sido pela janela de uma cozinha, mais vulnerável do que as grades das celas.

MUROS - Se conseguir sair do pavilhão, o preso tem de pular dois muros. O interno tem quatro metros de altura. O externo, cerca de cinco metros. Os muros seguem iguais desde 1999.

PORTAS ELETRÔNICAS - O sistema de portas nos corredores dos pavilhões da Pasc foi concebido para atuar de forma estanque: quando uma abre, a outra fecha, de forma automática. Isso nunca funcionou, nem em 1999, nem agora, atesta um promotor de Justiça que costuma visitar a prisão. As portas são abertas e fechadas por funcionários.

CERCAS - Entre os dois muros existem três telas de arame farpado.

DETECTORES DE METAIS - Funcionam e são de dois tipos: raquete (portáteis) e portão de raio X.

LOTAÇÃO - A superlotação, comum nas cadeias gaúchas, não é problema na Pasc. Das 280 vagas, só 218 estão ocupadas. As celas continuam individuais. Vários espaços destinados ao trabalho dos presos, no entanto, estão abandonados.

CIRCUITO FECHADO DE TV - Existem mais de 20 câmeras de TV monitorando, via circuito fechado, os corredores da Pasc (foto acima). Auditoria realizada em 1999 por Carlos Hebeche, diretor de engenharia da Susepe, constatou que as câmeras funcionavam. A situação mudou. Inspeção realizada em 26 de maio passado pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) constatou que a maior parte das câmeras está inoperante.

A FUGA DE ONTEM - Dois presos tentaram a fuga. Um foi recapturado no pátio interno, usado por quem vai ao refeitório. O outro, Sandro Alexandre de Paula, o Zorelha, fugiu.Os dois estavam num pátio interno usado pelos presos que trabalham na cozinha, portanto não fugiram das celas. É um dos locais que estão sem câmeras de monitoramento. A jiboia (corda feita por presos) usada na fuga estava pendurada embaixo, quase junto a uma guarita da BM (foto acima). A guarita estava vazia, segundo as primeiras informações fornecidas pela Susepe. Apenas quatro PMs estariam fazendo a guarda externa da Pasc, que tem 10 guaritas.

SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi - Difícil escapar sem ajuda

Fazia frio, mais frio que ontem, naquele 5 de junho de 1999 que entraria para a história por registrar a primeira fuga da Pasc. Basta ver as fotos de Airton Michels de capote em cima do muro da outrora inexpugnável cadeia gaúcha, espantado ao ver que alguém conseguira vencer todos aqueles obstáculos e empreender uma escapada que os projetistas do presídio alegavam ser impossível.

Pois o mesmo Airton Michels, que na época era superintendente dos Serviços Penitenciários, agora, como secretário da Segurança Pública, tem pela frente o desafio de explicar a segunda fuga da penitenciária que se pretendia de segurança máxima.

Doze anos depois daquela fuga misteriosa, a Justiça Criminal de Charqueadas condenou 17 policiais militares pela escapada. Concluiu que eles foram negligentes, ao não vigiar com cuidado e permitir que o preso Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio, serrasse grades da cela e fugisse. A suspeita de que os policiais teriam recebido suborno nunca foi provada judicialmente.

Uma autoridade que participou da visita da comissão da OAB, integrada também por servidores do Judiciário e Ministério Público, constata: apesar das falhas nas portas e nas câmeras, é quase impossível alguém fugir sem ajuda da Pasc.

– O sujeito precisa ter cordas, alicates, serras para cortar grades e contar com a sorte de ninguém vê-lo durante a fuga, o que é improvável - pondera esse especialista.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Concordo com o Trezzi. É difícil escapar das PASC sem ajuda. E esta "ajuda" só pode vir de quem não está comprometido. Portanto, é preciso avaliar as pessoas que estão no sistema e comprometer estas pessoas para que funcionem os recursos. E este, para mim, é o principal óbice do sistema prisional gaúcho.

A SUSEPE é um órgão anacrônico geralmente comandado por pessoas estranhas e fora do quadro de agentes prisionais. Não existe nos quadros de agentes pessoas formadas, capacitadas e adestradas especificamente para fazer a gestão administrativa e comandar os demais servidores.

Por este motivo, defendo a necessidade do RS criar a GUARDA PENITENCIÁRIA DO RS, uma organização fardada e estruturada em duas categorias de servidores - nível superior para a gestão administrativa e operacional e nível médio para a execução. Com isto, estrutura a guarda aos demais níveis da segurança, valorizando os agentes e assumindo o carácter organizacional e institucional. Estrutura e clima organizacional, carreira, salários, prerrogativas e direitos assumirão um novo status. Com este status o controle, a fiscalização, o monitoramento, as reivindicações e o zelo dos recursos serão muito mais efetivos.

O descaso dos governantes, a fraqueza da justiça em impor duas decisões, a falta de organização específica para a execução penal, as forças tarefas utilizando agentes de outros órgãos e cidades em troca de um aumento nos salários, o aliciamento de presos para tarefas de controle e serviços externos, e o descomprometimento de todos com a política prisional é que estão falindo o sistema prisional. Só não vê quem não quer.

Um comentário:

ketryn disse...

poderia ser comica se nao fosse tragica essa situaçao!!engraçado que sempre fogem presos "abornados"assaltantes famosos..nunca vi um zé qlq fugir!e mais ainda nunca se prova se algum individio q trabalha dentro do presidio tem dedo na fuga!!