segunda-feira, 7 de março de 2011

REBELIÃO EM CADEIA NOVA


Apenados atearam fogo em colchões em penitenciária de Santa Maria, ainda não inaugurada oficialmente - LIZIE ANTONELLO | SANTA MARIA, zero hora 07/03/2011

Ainda sem ter sido inaugurada oficialmente, a Penitenciária Estadual de Santa Maria enfrentou a primeira rebelião no final da tarde de sábado. Cerca de 25 presos participaram do tumulto, que resultou em celas danificadas. Ninguém ficou ferido no episódio.

Localizada no distrito de Santo Antão, a nova casa prisional começou a receber detentos em janeiro. A penitenciária abrigava 77 apenados – cinco detentos foram transferidos para outras prisões após a confusão de sábado.

De acordo com o delegado penitenciário regional da Susepe, Rogério Mangini, a rebelião teria sido motivada pelo não atendimento de uma reivindicação dos presos. Os detentos querem que um apenado de cada galeria fique com as chaves de todas as celas. Com isso, eles poderiam circular pelo corredor da galeria. O esquema funcionaria mais ou menos como é atualmente o “plantão de galeria” no Presídio Regional de Santa Maria. Segundo o delegado, a solicitação não será atendida:

– Aqui é diferente. A penitenciária é outro modo de vivência. Eles (presos) querem mandar na cadeia e não vamos deixar. Eles têm de cumprir a pena, conforme a lei, mas será com disciplina.

Na nova penitenciária, que ainda não tem data para ser oficialmente inaugurada, os presos passam 22 horas do dia fechados nas celas e duas horas no pátio. A população carcerária ainda não tem atividades como cultos religiosos, ações de lazer ou de trabalho. Apesar de não ter data prevista, segundo Mangini, as atividades devem ser implantadas em breve.

Engenheiro da Susepe fará balanço dos estragos

A ação dos presos surpreendeu o comandante do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar, tenente-coronel João Ricardo Vargas:

– A penitenciária está com menos de um terço da capacidade e já aconteceu isso lá.

O delegado regional da Susepe informou que, nos próximos dias, um engenheiro do órgão deverá ir a Santa Maria para vistoriar as celas danificadas. O relatório, que deve propor mudanças, será enviado à Secretaria Estadual de Obras Públicas, que fiscaliza a construção. Conforme Mangini, para dar mais segurança ao local, ainda há necessidade de mais agentes e mais equipamentos.

Fogo e quebra-quebra

O tumulto começou por volta das 17h30min, depois do horário de visitas. Segundo a Susepe, os presos da galeria A, em torno de 18, e uns seis da galeria B, atearam fogo em colchões e roupas, provavelmente usando cigarros, quebraram espécies de prateleiras de concreto que ficam nas paredes laterais das celas e usaram os pedaços da estrutura para arrombar as portas. Os detentos de uma das celas usaram os fragmentos de concreto e ferro por entre as aberturas da parede e pela janela da porta para quebrar o cadeado. Depois que os primeiros saíram da cela, começaram a libertar os demais. Das 14 celas da galeria A, em torno de 10 teriam tido as portas arrombadas. Os 10 agentes de plantão usaram mangueiras de combate a incêndio para apagar as chamas. Os presos ainda atiraram fragmentos de concreto (pedras) contra os agentes que revidaram com tiros de balas de borracha.

A Brigada Militar foi chamada para conter a rebelião.

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