sexta-feira, 11 de março de 2011

FUGA DE SANFELICE - FALHAS SÃO INVESTIGADAS

PF investiga falha na segurança que permitiu fuga de Sanfelice. Empresário passou por Santa Catarina, Paraná e Argentina antes de seguir para a Espanha - CORREIO DO POVO, 09/03/2011

O empresário Luiz Henrique Sanfelice contou durante operação da Polícia Federal, responsável por sua volta ao Brasil, que a rota de fuga dele começou em Santa Catarina, onde ficou por um período, passou por Foz do Iguaçu (PR) e pela Argentina. Segundo o delegado Farnei Franco, que participou da ação, o empresário pegou um avião de Buenos Aires para Madri, na Espanha. Franco explicou que a polícia investiga as falhas na segurança que permitiram a fuga de Sanfelice.

Sanfelice cumpria pena no Presídio Estadual de Novo Hamburgo quando saiu para trabalhar e não voltou, em abril de 2008. Ele foi capturado no ano passado na Espanha, onde ficou detido até sua extradição.

O delegado disse que o translado que conduziu o empresário ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, foi tranquilo e que Sanfelice não precisou ser algemado. Quando o grupo chegou a São Paulo, o policial teve oportunidade de conversar com o preso. “Ele alega arrependimento de ter fugido e inocência”, disse. Sanfelice também relatou que quando chegou à Espanha precisou ficar em albergues públicos e depois conseguiu trabalhar como servente e porteiro.

O crime

O corpo de Beatriz foi encontrado carbonizado junto com o carro de Sanfelice, no Santuário Mãe de Deus, em Novo Hamburgo, em 12 de junho de 2004. No primeiro depoimento do empresário à Polícia Civil, ele afirmou que a esposa havia desaparecido no Dia dos Namorados após ambos deixarem a sua residência, na rua Heller, Centro de Novo Hamburgo, com destino a uma agência bancária.

No local, o casal teria sacado R$ 1 mil e trocado de carro. Sanfelice disse ainda que o combinado seria almoçarem com um casal de amigos, mas o compromisso foi cancelado e Beatriz não foi mais localizada.

A condenação

Sanfelice foi condenado por cinco votos a dois por homicídio triplamente qualificado, em dezembro de 2006. No julgamento, testemunhas confirmaram a crise conjugal e detalhes da premeditação do crime. Também pesou contra o acusado um arquivo de computador de quatro dias antes da morte com o roteiro pré-elaborado para a realização do assassinato.

A ex-empregada doméstica do casal, acusada de falso testemunho e julgada no processo como cúmplice, foi absolvida, também por cinco votos a dois. O julgamento do empresário durou cerca de 40 horas, divididas em três dias de trabalhos. Sanfelice foi detido e, em março de 2007, transferido para o regime semi-aberto.

A fuga

Sanfelice cumpria pena no Presídio Estadual de Novo Hamburgo quando saiu para trabalhar e não voltou, em abril de 2008. Na mesma semana da fuga, o Tribunal de Justiça do Estado determinou a volta ao regime fechado até ele passar por exame psicossocial.

A prisão

Em uma investigação que envolveu a Polícia Federal e a Interpol, Sanfelice foi preso em maio do ano passado em Sevilha, na Espanha. O empresário foi encontrado sem barba e com um corte de cabelo diferente. Sanfelice tem cidadania espanhola e portava documentos originais. Há informações de que ele trabalhava no mesmo ramo que atuava no Brasil – importação e exportação de calçados.

A extradição

O empresário chegou a declarar que preferia cumprir a pena no país europeu. Ele apelou para não ser extraditado, alegando ter sido torturado durante o tempo que esteve na prisão no Brasil. A Justiça espanhola decidiu em fevereiro, no entanto, pela extradição do empresário.

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