terça-feira, 3 de agosto de 2010

DESCONTROLE - Sócio de Beira-Mar comanda tráfico de dentro de presídio de segurança máxima do RS


Operação Giguaçu' - RS: Detento comandava tráfico de dentro de presídio de segurança máxima - 03/08/2010 às 14h49m; CBN, O Globo

Seis pessoas foram presas nesta terça-feira em uma operação da Polícia Federal (PF) para desbaratar uma quadrilha de tráfico internacional de drogas comandada pelo nacotraficante Nei Machado, detido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, no Rio Grande do Sul. Machado ficou conhecido ao ser preso com Fernandinho Beira-Mar, em território das Farc na Colômbia, em fevereiro de 2001.

Após cumprir 9 anos de prisão, o narcotraficante gaúcho foi novamente detido, em maio deste ano, três dias após deixar a cadeia, em frente ao Fórum de Porto Alegre, em virtude de uma condenação anterior, também por tráfico de drogas.

Nesta terça-feira, durante a 'Operação Giguaçu' (que significa "grande machado" em tupi-guarani), a PF prendeu cinco distribuidores do grupo: dois em Passo Fundo, um em Erechim, um em Carazinho e outro em Navegantes, Santa Catarina. Um outro homem foi preso em Guaíra, no Paraná, acusado de fazer o transporte da droga da fronteira do Paraguai até o Rio Grande do Sul. Ainda foram cumpridos outros dois mandados de prisão, contra Machado e um comparsa dele que também está preso.

Segundo o delegado da PF Fabrício Argenta, a quadrilha era responsável pelo transporte semanal de 3 kg de cocaína somente para a cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.

Além dos oito mandados de prisão, agentes da PF cumpriram 11 mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos carros, caminhões, celulares e documentos de integrantes do bando.

PADRÃO INTERNACIONAL
- Humberto Trezzi - Zero Hora, 04/08/2010

Quando Nei Machado estava por sair da cadeia, em 7 de maio, bateu o desespero nos agentes gaúchos da Polícia Federal. Conversas por eles gravadas indicavam que o mais famoso traficante gaúcho continuava no ramo, de dentro da cadeia. O alívio só veio quando encontraram, três dias depois de ele sair, uma sentença de 14 anos de reclusão que Nei nunca cumprira e estava pendente. E o prenderam novamente. Ele tinha sido solto porque a condenação mencionava um Ney (com Y), quando nos arquivos da PF o criminoso é conhecido como Nei (com I). A defesa do traficante, aliás, contesta essa condenação. Diz que ele não poderia ser sentenciado, já que o acordo para sua extradição desde a Colômbia previa anistia para crimes aos quais ele ainda não tivesse sido condenado, quando fugiu do país. Coisas que serão debatidas na Justiça, agora.

Mas por que a PF não esquece Nei? Porque não é qualquer um que possui contatos capazes de situá-lo no coração da maior zona produtora de cocaína no mundo, as selvas colombianas. Ainda mais, no meio de um movimento guerrilheiro. Pois Nei foi preso pelo exército colombiano num acampamento da guerrilha esquerdista Farc. Para piorar sua situação, estava em companhia do mais procurado traficante brasileiro, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, chefão do temido Comando Vermelho carioca.

Um grande salto no submundo, para um vendedor de carros usados que começou no crime quando ainda era patrão do CTG Fagundes dos Reis, em Passo Fundo. Foi ali que, segundo a PF, ele se tornou pioneiro no lançamento de cocaína de avião. Amigos, Nei tinha: em Guaíra, Carazinho, Passo Fundo, cidades onde sua quadrilha respondeu inquéritos. Casualmente – ou não – cidades onde foram presos homens apontados como os de sua confiança, ontem. Algumas situações não mudam, mesmo após décadas.

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