sábado, 14 de agosto de 2010

CORRUPÇÃO - Direção integraria esquema que permitia ingresso de drogas e celulares no presídio


CORRUPÇÃO NAS CADEIAS. Ex-direção de presídio vira ré por tráfico. Para MP, servidores integrariam esquema que permitia ingresso de drogas no Madre Pelletier - FRANCISCO AMORIM, Zero Hora, 14/08/2010

Investigada por dois anos por promotores, a antiga cúpula da Penitenciária Feminina Madre Pelletier se tornou ré na 8ª Vara Criminal da Capital. Os servidores são acusados de participar de um suposto esquema que incluía ingresso de drogas e celulares na casa, permissão para saída de apenadas sem autorização judicial e entrada de pessoas não cadastradas no sistema de visitas da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).

– O que descobrimos é um escândalo: tráfico de drogas dentro da cadeia organizado pela própria cúpula que dirigia a casa – afirmou a promotora Sandra Goldman.

Detalhes da apuração dos promotores foram revelados pela série Corrupção nas Cadeias, publicada em abril por ZH. Doze pessoas foram denunciadas – entre elas, detentas e a equipe que estava à frente da casa em 2009, formada por Silvia Terezinha Rangel da Silva (ex-diretora) e os agentes Mario Vitor Pereira, Luis Carlos Marques de Matos, Vladimir Vilhena Pereira e Valdir Antonio Perez. Eles responderão por formação de quadrilha, peculato e tráfico de drogas, entre outros crimes.

Ontem, o Tribunal de Justiça negou o pedido de prisão preventiva dos servidores. A primeira solicitação já havia sido negada na Vara Criminal.

AS SUSPEITAS

TRÁFICO
- Série de Zero Hora mostrou, em abril, os indícios do Ministério Público: Escutas telefônicas revelariam que desde abril de 2007, os servidores adquiriam drogas fora da penitenciária e repassariam a duas detentas de grupos rivais, responsáveis pela distribuição a outras presas. A diretora Silvia Terezinha Rangel da Silva se aproveitaria da condição de diretora para não ser revistada quando entrava na casa.

USO DE CELULARES - Os servidores emprestariam os seus celulares particulares para detentas. Foi o que teria ocorrido em novembro de 2008. O agente penitenciário Vladimir Vilhena Pereira teria feito ligação e alcançado o aparelho a uma detenta.

PRESENTES - Em agosto de 2008, o agente Valdir Antonio Perez teria recebido um telefone de presente do namorado de uma detenta. O agente teria oferecido sua conta corrente para que familiares da detenta pudessem enviar dinheiro para ela.

CONTRAPONTOS

O que diz Suelena Cioccari Lannes, defensora de Luis Carlos Marques de Matos - A denúncia não procede. São muito frágeis as provas apresentadas contra meu cliente. Vamos provar que ele é inocente das acusações contra ele.

O que diz Paula Adriana Moreira Louzada, advogada de Vladimir Vilhena Pereira e de Valdir Antonio Perez - Procurada em seu escritório por telefone ontem à tarde, ela não foi localizada. Ouvidos por Zero Hora antes da publicação da série Corrupção nas Cadeias, os dois acusados negaram envolvimento nos crimes.

O que diz Ricardo Morales Brum, defensor de Mario Vitor Pereira de Arruda e Silvia Terezinha Rangel Silva - Essa denúncia não tem fundamento, há carência de provas. Vamos provar isso ao longo do processo. Nosso linha de defesa será a negativa de autoria, pois eles não cometeram crimes.

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