PAULO SANT’ANA
Depois que quase mataram a jiboia, jararaca deita e rola.
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Noticia-se que a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) está solicitando à Justiça para retomar o recolhimento de detentos ao Presídio Central, que havia sido suspenso.
Se eu fosse a Justiça, negaria o pedido. Mas o pedido não será negado, eis que estão saindo presos pelo ladrão nos outros presídios e o Central deverá ser mesmo novamente locupletado.
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Eu penso que governo que não soluciona, podendo solucionar plenamente, a questão penitenciária, bastando para isso decretar a administração privada em presídios, não pode obter jamais a aprovação da sociedade.
E então permanece esse cancro social que é o Presídio Central, sem solução.
É uma barbaridade, um atentado à civilização.
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Sucedem-se governos sobre governos e o Presídio Central sobrevive a todos eles.
Eu penso que os governos todos que se sucederam incorreram assim em crime de responsabilidade.
Uma sociedade que não tem onde colocar seus presos é uma sociedade fracassada.
É muito difícil de entender esse silogismo, mas não tem autoridade para tentar diminuir a criminalidade aquele governo que não soluciona sua questão penitenciária.
Claro que nunca vão me entender nessa cruzada que travo na imprensa há 40 anos: se não se resolve a questão penitenciária, nunca vai se resolver a questão da criminalidade, nem sequer diminuí-la. Pelo contrário, sem presídios decentes, tende a aumentar terrivelmente a criminalidade.
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Em nosso meio, os governos, uns sobre os outros, fazem a vontade da sociedade, que quer ver os presos mofarem, adoecerem e serem mortos nos presídios.
Os governos atendem assim a um pedido e a um clamor da sociedade.
É muito tênue o avanço dessa compreensão nos últimos anos. Uma parte da sociedade percebeu que, com presídios decentes, diminui clamorosamente a criminalidade nas ruas. Mas é uma parte diminuta da sociedade que está entendendo finalmente isso. Parece que, só quando todos os eleitores acabarem por desatar esse nó da questão, ela será resolvida.
E nessa espessa escuridão surgiu uma luz no fim do túnel: os presídios privados.
Mas a cegueira governamental não enxerga esse clarão.
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