terça-feira, 26 de novembro de 2013

O ESVAZIAMENTO DO CENTRAL

O SUL, 26/11/2013


WANDERLEY SOARES


A contagem regressiva para a fantasiosa decisão parou


A tragicomédia sem fim, que está bem longe da ficção e cujo cenário mórbido e vivo é o Presídio Central de Porto Alegre, um conjunto de casarões apodrecidos que consegue manter incólume o estigma de compor o pior complexo prisional do País, teve como seu mais recente ato, revelador de novo fracasso, o seu fantasioso esvaziamento. Até mesmo a contagem regressiva para a operação do milagre chegou a ser a anunciada tanto pelo governador Tarso Genro como pelo titular da pasta da Segurança Pública do Estado, Airton Michels. Como um humilde marquês, aqui de minha torre, cheguei a apontar a fragilidade de tal discurso, escorregadio, quase vazio. Prometer fazer desaparecer de um lugar cerca de 4.500 almas e removê-las, magicamente, para outro local em um ano ou pouco mais, é uma promessa que fere a inteligência de todos os cidadãos. Em meio a isso, há os chazinhos caseiros, como as tornozeleiras. Sigam-me.


Tornozeleiras


As tornozeleiras eletrônicas, ideia do governo Yeda Crusius da qual o governo Tarso Genro assumiu como pai da criança, não são um improviso, segundo o discurso do Piratini. Por ora, foram monitorados eletronicamente 984 apenados na Região Metropolitana, dos quais 90 fugiram e hoje há 50 foragidos, sendo que 20 deles foram flagrados cometendo crime. O índice de fuga por mês com tornozeleiras é de 2%. Este índice não deixa de ter lógica, pois quem recebeu tornozeleiras e fugiu nunca deveria ter recebido tal benefício. De outra banda, quem está na rua de tornozeleira, dando um jeito na vida para sobreviver, vai fugir exatamente do que?

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