domingo, 13 de outubro de 2013

PESQUISA DO PERFIL DE JOVENS PRESOS

CORREIO DO POVO 12/10/2013 19:03

Pesquisa traça perfil de jovens presos. Levantamento no Presídio Central será feito pela Susepe e pelo IPA



Pesquisa traçará perfil de jovens no Presídio Central
Crédito: Cristiano Estrela / CP Memória


Um estudo, que começa a ser realizado em novembro, em parceria da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) com o Instituto Porto Alegre (IPA/Metodista), traçará políticas de atendimento a jovens, na faixa dos 18 aos 29 anos, que cumprem pena no Presídio Central da Capital. A expectativa é de que 300 jovens detentos/mês respondam aos questionários. As sessões ocorrerão três vezes por semana, sempre na parte da manhã.

Cinco estagiários de Direito e seis de Psicologia estarão atuando, junto com um representante da Susepe. O estudo engloba detentos da região Metropolitana e de Porto Alegre, cuja porta de entrada é o Presídio Central. Atualmente, a maior casa prisional do Estado tem cerca de 4,3 mil detentos e, de acordo com a Susepe, 65% da massa carcerária é composta por jovens. Os primeiros resultados do estudo devem ser conhecidos seis meses após a análise das primeiras entrevistas, por meio de relatório ou artigo.

“A intenção é publicar de seis em seis meses, a partir da conclusão do primeiro estudo”, destacou a titular da Coordenadoria da Juventude, psicóloga Fernanda Bassani. A divisão compõe a Assessoria de Direitos Humanos da Susepe. “Creio que é a primeira vez no Rio Grande do Sul e no Brasil que ocorre uma pesquisa acadêmica com dados confiáveis que servirão de subsídio para a elaboração de políticas para este público”, disse Fernanda.

O trabalho de produção começou em março. De lá para cá, foram feitos reconhecimentos do local de trabalho e a grafitagem da sala, no estabelecimento penal, onde serão desenvolvidas as entrevistas. Atualmente estão sendo elaborados os questionários.

De acordo com a psicóloga, uma pesquisa do Departamento de Gestão da Estratégia Operacional da Secretaria da Segurança Pública (DGeo/SSP) aponta que, no primeiro quadrimestre deste ano — de janeiro a abril —, ocorreram 625 assassinatos no Rio Grande do Sul. Desse total, 79% das vítimas tinham passagem pela Polícia e 51% eram egressos do sistema prisional. No Brasil, em 2012, foram computados 50 mil homicídios, sendo que 80% dos assassinados eram egressos de casas prisionais. “O perfil, tanto em termos de Brasil quando aqui, é o mesmo”, salientou Fernanda. “Invariavelmente as vítimas eram homens jovens, negros, oriundos da periferia e saídos do sistema carcerário.”

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