sábado, 19 de outubro de 2013

A POLÍTICA PRISIONAL DA ORATÓRIA

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ZERO HORA 19 de outubro de 2013 | N° 17588

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA

Mais uma promessa para a coleção

Você já viu esse filme e provavelmente ainda lembra do enredo: governador (ou governadora) promete transferir todos os presos e implodir o Presídio Central. Não faz uma coisa nem outra e o Central se transforma num depósito de presos, ganha o título de pior cadeia do Brasil e segue superlotado. Agora, é o secretário da Segurança Pública, Airton Michels, quem faz a promessa: até o final do governo Tarso Genro, o Central estará totalmente esvaziado ou, na pior das hipóteses, com data definida para o esvaziamento.

Olhando-se para o panorama dos presídios gaúchos, com seu crônico déficit de vagas, parece impossível imaginar que seja viável desocupar o Central em menos de 15 meses. Michels garante que será possível, sim, liberar o Central em tão pouco tempo, graças aos novos presídios que estão projetados ou em construção. A grande aposta é o complexo prisional de Canoas, que será o mais moderno do Estado e suprirá uma das maiores carências do Estado, a de oferta de vagas para os presos trabalharem.

O destino do estigmatizado Central será o mesmo do Carandiru: virar pó sem deixar saudade. Ainda não se sabe qual será o destino da área, cobiçada pelo mercado imobiliário por conta da localização e do tamanho do terreno. Ninguém fará isso, para não desvalorizar a área, mas não seria absurdo propor a manutenção de um dos pavilhões em pé, como lembrança do que não deve ser uma prisão. A pena é de privação da liberdade, mas os juízes das execuções penais sabem que as condições desumanas do Central amplificam a pena e contribuem para que, em vez de se ressocializar, os condenados passem por uma espécie de curso de pós-graduação no crime.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Dá para lembrar a máxima de Sun Tzú: "O Rei apenas gosta muito de palavras, e não sabe transformá-las em atos."

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