BONDE NEWS, 24/08/2014 -- 15h24
Roger Pereira - Redação Bonde
Pelo menos quatro presos foram assassinados e três ficaram gravemente feridos em rebelião que ocorre desde o início da manhã de deste domingo, na Penitenciária Estadual de Cascavel. De acordo com o Departamento de Execução Penal (Depen), dois presos mortos foram decapitados e outros dois morreram após serem jogados do telhado da unidade.
Uma quinta, anunciada pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindaspen), não foi oficializada pelo Depen, mas já foi confirmada pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, através de seu presidente em Cascavel, Amarildo Horvath, que acompanhou a movimentação. Já os três feridos também foram jogados do telhado da penitenciária (a uma altura de 15 metros) pelos líderes do motim. Eles foram encaminhados ao Hospital Universitário da Unioeste. Há ainda o registro de vários outros presos feridos com menor gravidade.
Reprodução/Catve
A rebelião teve início por volta das 6h30, no momento em que um agente penitenciário que servia o café da manhã foi rendido pelos presos, que fizeram refém mais um agente penitenciário e colegas de detenção. Os presos rebelados subiram para o telhado da unidade, onde exibiram os reféns e faixas com a inscrição PCC, em referência à organização criminosa Primeiro Comando da Capital. Eles reclamam de falta de estrutura, má qualidade da alimentação e restrições quanto às visitas. Segundo o Depen, não há superlotação na unidade, que teria 1044 presos ocupando 1182 vagas. Até as 20h30, não havia avanços significativos nas negociações que indicassem o fim do motim.
Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindaspen), até a noite de domingo, os agentes Emerson Rodrigo e Anderson Panato seguiam como reféns dos presos rebelados. O diretor do Depen, Cezinando Vieira Paredes está na unidade desde às 13h30, comandando as negociações. Segundo ele, 60% do presídio está tomado e vários pavilhões (cerca de 80% da unidade) foram destruídos, o que obrigará, após o fim do motim, a transferência de centenas de presos para outras unidades do Estado. Amarildo Horvath contou que das 24 galerias da penitenciária, 20 foram danificadas.
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) também está no local desde às 13h30, aguardando ordem para entrar no presídio, caso necessário. Por volta das 16h, a secretária de Justiça e Cidadania, Maria Tereza Uille Gomes também chegou ao local. A luz e a água do presídio foram cortadas durante a tarde para pressionar os detentos a negociarem. Policiais militares de Toledo também foram para Cascavel reforçar a segurança da penitenciária.
O presidente do Sindaspen, Antony Johnson informou que as negociações estavam complicadas pela ausência de uma liderança entre os rebelados. Ele contestou, também a informação do Depen sobre a capacidade do presídio. "Ele foi construído para 960 presos. Ampliaram a capacidade para 1182 em uma canetada, mas estão colocando presos para dormir no chão. Há sim superlotação em Cascavel", disse. "A situação de Cascavel é bastante complicada. Antes da rebelião, em um dos blocos, havia dois agentes para conter 140 presos, e ainda trabalhavam com dois presos de confiança", contou.
De acordo com o Depen, 77 presos já foram transferidos para a Penitenciária Industrial de Cascavel. Segundo a Secretaria de Justiça, eram presos com bom comportamento, que não haviam aderido ao motim e estavam sendo pressionados e ameaçados pelos detentos rebelados para que também participassem da rebelião. De acordo com a Polícia Militar outros 68 presos serão encaminhados para a Penitenciária de Francisco Beltrão e 6 vão para a penitenciária de Maringá. Johnson levantou preocupação quanto a falta de vagas nas unidades prisionais do estado para receber presos de Cascavel por conta da destruição de grande parte do presídio. "Todas as unidades do Estado estão ou superlotadas, ou no limite. Não tem para onde levar", disse. A lista de mortos e feridos será divulgada apenas no fim das negociações.
A última rebelião com morte em um presídio estadual paranaense havia ocorrido em 2010, na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara, quando cinco presos foram assassinados em um motim que durou 18 horas. Mas a situação nas carceragens paranaenses, até a rebelião deste domingo, já indicava que uma rebelião mais grave era questão de tempo. Um levantamento do Sindaspen aponta que, nos últimos 12 meses, pelo menos 18 motins, de menores proporções, foram registrados em diferentes regiões do Estado.
Neste período, segundo o sindicato, 24 agentes penitenciários foram feitos reféns pelos presos nas rebeliões, que ganharam mais força após o decreto do governo do Estado que determinou a transferência de presos das delegacias para as penitenciárias, aumentando os casos de superlotação das unidades prisionais da capital, onde a medida já foi implantada, e criando um clima de insatisfação no interior, onde a transferência deve ocorrer nas próximas semanas.
O presidente do Sindaspen, Antony Johnson, disse que a rebelião de Cascavel era uma tragédia anunciada. "Devido a falta de investimento no Sistema Penitenciário, não há profissionais tanto operacionais, como técnicos. Não há manutenção nas unidades. A rebelião já era ameaçada há semanas", disse. "Sem o investimento necessário, o Sistema sempre estará refém de crises como essa. O preso reclama que a comida esta ruim, que não há advogados para que seu processo ande, não há o mínimo de material de higiene, o efetivo de Agentes Penitenciários baixíssimo, todos esses fatores juntos, uma tragédia é mais que anunciada", acrescentou.
O sindicato prepara uma grande mobilização para a manhã desta terça-feira em Cascavel, e também pretende realizar protesto na Assembleia Legislativa, em Curitiba, durante a sessão ordinária de terça-feira, no período da tarde.
Roger Pereira - Redação Bonde
Pelo menos quatro presos foram assassinados e três ficaram gravemente feridos em rebelião que ocorre desde o início da manhã de deste domingo, na Penitenciária Estadual de Cascavel. De acordo com o Departamento de Execução Penal (Depen), dois presos mortos foram decapitados e outros dois morreram após serem jogados do telhado da unidade.
Uma quinta, anunciada pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindaspen), não foi oficializada pelo Depen, mas já foi confirmada pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, através de seu presidente em Cascavel, Amarildo Horvath, que acompanhou a movimentação. Já os três feridos também foram jogados do telhado da penitenciária (a uma altura de 15 metros) pelos líderes do motim. Eles foram encaminhados ao Hospital Universitário da Unioeste. Há ainda o registro de vários outros presos feridos com menor gravidade.
Reprodução/Catve
A rebelião teve início por volta das 6h30, no momento em que um agente penitenciário que servia o café da manhã foi rendido pelos presos, que fizeram refém mais um agente penitenciário e colegas de detenção. Os presos rebelados subiram para o telhado da unidade, onde exibiram os reféns e faixas com a inscrição PCC, em referência à organização criminosa Primeiro Comando da Capital. Eles reclamam de falta de estrutura, má qualidade da alimentação e restrições quanto às visitas. Segundo o Depen, não há superlotação na unidade, que teria 1044 presos ocupando 1182 vagas. Até as 20h30, não havia avanços significativos nas negociações que indicassem o fim do motim.
Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindaspen), até a noite de domingo, os agentes Emerson Rodrigo e Anderson Panato seguiam como reféns dos presos rebelados. O diretor do Depen, Cezinando Vieira Paredes está na unidade desde às 13h30, comandando as negociações. Segundo ele, 60% do presídio está tomado e vários pavilhões (cerca de 80% da unidade) foram destruídos, o que obrigará, após o fim do motim, a transferência de centenas de presos para outras unidades do Estado. Amarildo Horvath contou que das 24 galerias da penitenciária, 20 foram danificadas.
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) também está no local desde às 13h30, aguardando ordem para entrar no presídio, caso necessário. Por volta das 16h, a secretária de Justiça e Cidadania, Maria Tereza Uille Gomes também chegou ao local. A luz e a água do presídio foram cortadas durante a tarde para pressionar os detentos a negociarem. Policiais militares de Toledo também foram para Cascavel reforçar a segurança da penitenciária.
O presidente do Sindaspen, Antony Johnson informou que as negociações estavam complicadas pela ausência de uma liderança entre os rebelados. Ele contestou, também a informação do Depen sobre a capacidade do presídio. "Ele foi construído para 960 presos. Ampliaram a capacidade para 1182 em uma canetada, mas estão colocando presos para dormir no chão. Há sim superlotação em Cascavel", disse. "A situação de Cascavel é bastante complicada. Antes da rebelião, em um dos blocos, havia dois agentes para conter 140 presos, e ainda trabalhavam com dois presos de confiança", contou.
De acordo com o Depen, 77 presos já foram transferidos para a Penitenciária Industrial de Cascavel. Segundo a Secretaria de Justiça, eram presos com bom comportamento, que não haviam aderido ao motim e estavam sendo pressionados e ameaçados pelos detentos rebelados para que também participassem da rebelião. De acordo com a Polícia Militar outros 68 presos serão encaminhados para a Penitenciária de Francisco Beltrão e 6 vão para a penitenciária de Maringá. Johnson levantou preocupação quanto a falta de vagas nas unidades prisionais do estado para receber presos de Cascavel por conta da destruição de grande parte do presídio. "Todas as unidades do Estado estão ou superlotadas, ou no limite. Não tem para onde levar", disse. A lista de mortos e feridos será divulgada apenas no fim das negociações.
A última rebelião com morte em um presídio estadual paranaense havia ocorrido em 2010, na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara, quando cinco presos foram assassinados em um motim que durou 18 horas. Mas a situação nas carceragens paranaenses, até a rebelião deste domingo, já indicava que uma rebelião mais grave era questão de tempo. Um levantamento do Sindaspen aponta que, nos últimos 12 meses, pelo menos 18 motins, de menores proporções, foram registrados em diferentes regiões do Estado.
Neste período, segundo o sindicato, 24 agentes penitenciários foram feitos reféns pelos presos nas rebeliões, que ganharam mais força após o decreto do governo do Estado que determinou a transferência de presos das delegacias para as penitenciárias, aumentando os casos de superlotação das unidades prisionais da capital, onde a medida já foi implantada, e criando um clima de insatisfação no interior, onde a transferência deve ocorrer nas próximas semanas.
O presidente do Sindaspen, Antony Johnson, disse que a rebelião de Cascavel era uma tragédia anunciada. "Devido a falta de investimento no Sistema Penitenciário, não há profissionais tanto operacionais, como técnicos. Não há manutenção nas unidades. A rebelião já era ameaçada há semanas", disse. "Sem o investimento necessário, o Sistema sempre estará refém de crises como essa. O preso reclama que a comida esta ruim, que não há advogados para que seu processo ande, não há o mínimo de material de higiene, o efetivo de Agentes Penitenciários baixíssimo, todos esses fatores juntos, uma tragédia é mais que anunciada", acrescentou.
O sindicato prepara uma grande mobilização para a manhã desta terça-feira em Cascavel, e também pretende realizar protesto na Assembleia Legislativa, em Curitiba, durante a sessão ordinária de terça-feira, no período da tarde.
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