PRESOS NO BATENTE. MARIELISE FERREIRA
Maria de Oliveira, 40 anos, e Aldecir José Zago, 46 anos, trabalham juntos numa fábrica de luvas em Erechim, no norte do Estado. Das 7h30min às 18h eles dividem o mesmo pavilhão de trabalho. Mas quando deixam o serviço, cada um segue para um endereço, em diferentes celas do Presídio Estadual de Erechim. Cumprindo pena de 12 anos, Zago deixou o presídio para o serviço externo no ano passado e voltou para o tráfico. Mas, desta vez, acabou por envolver a mulher no crime e provocou a desestruturação da família.
Hoje, a vontade de levantar de manhã só existe em função do trabalho. Zago não vê hora de passar o dia no ambiente de trabalho. Maria capricha nas unhas, e faz com vontade a tarefa de costurar luvas de couro.
– Não sei se suportaria ficar aqui sem o trabalho, é meu suporte, o sustento dos meus filhos – conta.
Agora, os dois acalentam o sonho de, encerrada a pena, começar vida nova em uma propriedade rural no norte do Estado. Querem criar galinhas. Outros 259 presos trabalham em postos fora e dentro do presídio, modelo no Estado em ressocialização através do trabalho. Com superlotação (o presídio tem capacidade para 214, mas abriga 475), trabalho e estudo são as formas encontradas para evitar conflitos e dar uma perspectiva de nova vida.
– Celas para quatro presos estão com 16, precisamos tirá-los de dentro das celas, inseri-los em atividades. Aqui, quem não trabalha estuda – conta o administrador Roberto Thomaz.
O presídio tem convênios com a prefeitura da cidade, com uma empresa de reciclagem de material, com uma indústria de calçados e com uma fábrica de luvas, que mantém pavilhões anexos à penitenciária. Também há convênios com outras duas empresas para trabalhos feitos no refeitório ou nas próprias celas. Quem ainda não pode ser inserido numa destas vagas, é direcionado para as tarefas de rotina do presídio, na manutenção, na faxina ou na cozinha. Outros 95 presos estudam em programas de alfabetização, de ensino fundamental, ou em cursos profissionalizantes.
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