quinta-feira, 19 de julho de 2012

BLOQUEADORES REDUZEM LIGAÇÕES NA PASC


ZERO HORA 19 de julho de 2012 | N° 17135

LINHA CORTADA. Bloqueadores reduzem em até 50% ligações na Pasc. Testes com novo sistema, que usa tecnologia chinesa, deverão ser prorrogados por mais 60 dias

CARLOS WAGNER 
O sistema de bloqueio de celulares em teste na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) tornou mais difícil a comunicação dos apenados. Instalados em abril, os bloqueadores com tecnologia chinesa diminuíram em 50% o número de chamadas da operadora mais usada pelos presos e em 30% o da segunda mais utilizada.

Anova tentativa de pôr fim à farra dos celulares nas cadeias, no entanto, teve um efeito colateral: cresceu a quantidade de torpedos, de recados enviados pelos visitantes e de bilhetes repassados para seus cúmplices. A razão é a tentativa dos apenados de contornar o bloqueio.

O sistema só atinge as ligações feitas de dentro da cadeia. Os testes são gratuitos, segundo um acordo firmado entre a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e a fornecedora do equipamento. Por questões de segurança, a Susepe não divulga o nome da empresa. Os testes deveriam estar concluídos no final de julho, mas a fornecedora da tecnologia pediu mais 60 dias para corrigir problemas, informou o diretor de Segurança e Execução Penal da Susepe, Mário Pelz:

– Eles alegaram o surgimento de questões técnicas, como o aumento da potência nas antenas das operadoras e outras que precisam ser corrigidas.

Pelz diz que ainda é muito cedo para uma avaliação ampla sobre a eficácia do sistema. Mas afirma que os resultados são encorajadores. Ele lembra que outros testes de equipamentos em presídios gaúchos acabaram fracassando.

Detentos se expõem ao enviar torpedos

Os bloqueadores já provocaram uma mudança na dia a dia dos presos, dificultando a comunicação com pessoas do lado de fora dos muros da Pasc. Para conseguir um sinal mínimo, por exemplo, mas suficiente para enviar um torpedo, os detentos precisam ir até uma janela e colocar o celular para fora do prédio. Essa prática os torna mais vulneráveis para os agentes penitenciários, que aumentaram a apreensão dos telefones móveis, explicou Pelz. Ele evita dar detalhes, sempre alegando questões de segurança.

– Mas posso adiantar o seguinte: uma senhora, na Região Metropolitana, que recebia dezenas de ligações diárias do chefe da quadrilha de dentro do presídio, hoje não recebe mais telefonemas – exemplificou.

Pelas informações que a Susepe recebeu dos serviços de inteligência da Brigada Militar e da Polícia Civil, os presos voltaram a usar uma antiga prática: enviar recados por meio dos visitantes. No auge do uso de celulares, os líderes das facções administravam as atividades do bando por telefone.

A nova realidade está levando os agentes a fazerem uma investigação de novos visitantes dos detentos. Também vem sendo redobrada a atenção para o envio de bilhetes por presos.

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