terça-feira, 24 de julho de 2012

PRISÃO VIRTUAL

ZERO HORA 23 de julho de 2012

Uso de tornozeleira pode começar em dois meses. Em fase final de testes do equipamento, Susepe prevê monitorar este ano 400 presos provisórios

CARLOS WAGNER 

Deverá sair nesta semana o resultado do último teste feito pelos técnicos do Estado no modelo de tornozeleira eletrônica que a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) irá usar no monitoramento de presos provisórios. Se o equipamento for aprovado e não houver recursos judiciais de empresas que participaram da licitação para o fornecimento do equipamento, dentro de dois meses os primeiros 400 detentos poderão ser vigiados à distância pelas autoridades.

– A empresa venceu a licitação no final do ano passado. Nestes últimos seis meses, submetemos as tornozeleiras a uma dezena de testes, em que foram verificadas sua resistência e funcionalidade em várias situações e ambientes. O último foi submetê-la ao calor – explica o superintendente da Susepe, Gelson dos Santos Treiesleben.

Os testes do Monitoramento Remoto Georreferenciado, como o sistema é chamado, são feitos por uma comissão formada por técnicos de diferentes secretarias do governo estadual. O equipamento será locado por quatro anos. No primeiro ano, inicialmente serão utilizadas 400 tornozeleiras e, depois, outras 600. E mais mil por ano, até completar 4 mil, no final do contrato. Cada tornozeleira custará, mensalmente, R$ 260.

– O preço que conseguimos na licitação é bom, um dos menores do Brasil. Durante os testes, o fornecedor foi contratado de maneira emergencial, e o preço do aluguel foi de R$ 550 – destaca Treiesleben.

Medida poderá se estendida a presos do aberto e semiaberto

Os primeiros testes foram feitos em 2010. À época, 14 presos que cumpriam pena em albergues do semiaberto concordaram em usar o equipamento durante 30 dias. A intenção é adotar o dispositivo para vigiar presos provisórios, que ainda não têm a sua situação jurídica definida e representam 24% da população carcerária gaúcha – em torno 30 mil detentos.

No futuro, explica Treiesleben, existe a intenção de negociar com a Justiça a possibilidade de os apenados do semiaberto, com trabalho externo, usarem a tornozeleira para dormir em casa. Hoje, isso não é permitido.

Secretário adota tom de cautela

O uso das tornozeleiras irá abrir um capítulo novo no sistema carcerário gaúcho, a exemplo do que já aconteceu em outros países, como os Estados Unidos. Mas ainda vai levar um bom tempo, acredita o secretário da Segurança Pública, Airton Michels, para o sistema funcionar com alto grau de confiabilidade técnica e jurídica.

– Em países onde a legislação é rigorosa, a tornozeleira está servindo para retirar dos cárceres pessoas envolvidas com crimes que, aqui no Brasil, seriam punidos com penas alternativas. No nosso caso, temos os presos provisórios – compara o secretário.

Ele diz que ainda é cedo para prever o impacto que a tornozeleira terá na redução da superlotação nas cadeias.

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