domingo, 22 de dezembro de 2013

PRESOS DA PAPUDA PERDEM REGALIAS

22 de dezembro de 2013 | 2h 06

Andreza Matias e Fábio Fabrini - O Estado de S. Paulo

Livros vão para a biblioteca, visitas só com interfone

Presos desde o dia 15 de novembro, o ex-ministro José Dirceu e os demais condenados do mensalão foram obrigados a doar seus livros para a biblioteca da Penitenciária da Papuda e passaram a ter a leitura limitada a duas horas diárias - das 9h às 11h. Eles aguardam autorização da Justiça para passar o dia fora da cadeia, trabalhando, o que poderá livrá-los desse e de outros rigores da cela.



Marcio Fernandes/Estadão
José Dirceu será obrigado a doar seus livros para a biblioteca da penitenciária.


A mudança na rotina da penitenciária ocorreu após o Ministério Público do Distrito Federal pedir à Justiça isonomia no tratamento dos presos - os do mensalão estavam conseguindo privilégios não permitidos aos presos comuns, a começar pelo direito de receber visitas em horários diferenciados. A decisão segue-se também ao afastamento informal do juiz da Vara de Execuções Penais, Ademar Silva de Vasconcelos.

Nos primeiros dias, os presos do mensalão recebiam visitantes e advogados em uma sala mais confortável da administração da Papuda. Agora, têm de conversar com suas visitas em ambiente dividido por um vidro duplo, sem ventilação e por meio de um interfone. Não há mais contato físico. As caravanas de congressistas também foram proibidas.

Entre as queixas dos presos comuns estavam o constrangimento de usar o banheiro com portas abertas e o limite de duas horas de banho de sol por dia, enquanto outros internos ficavam até 12 horas fora das celas.

A rotina mais rigorosa já provocou reclamações. Na semana passada, Delúbio Soares, que divide cela com Dirceu, queixou-se de ter sido levado à biblioteca por apenas meia hora. Marcos Valério, operador do mensalão, protestou por ter o barbeador elétrico confiscado e trocado pelo kit de higiene da cadeia.

O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) chegou a marcar sessão para raspar o cabelo dos presos, inicialmente trancados em ala federal, mas eles foram "salvos" da máquina 2, padrão na unidade, porque logo foram transferidos aos setores da Papuda sob gestão do Governo do DF.

Dirceu e Valério, que têm cabelo implantado, conseguirão preservar o visual enquanto ficarem ali. O subsecretário do Sistema Prisional do DF, Cláudio Magalhães, avisa que na Papuda não é obrigatório raspar o cabelo. A Secretaria de Defesa Social de Minas avisa que, transferido para o Estado, Valério não escapa do pente na altura 1, obrigatório para os homens. Em São Paulo, a regra também é passar a máquina.

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