terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ESTELIONATO NA POLÍTICA PRISIONAL

O SUL - Porto Alegre, Terça-feira, 17 de Dezembro de 2013.


WANDERLEY SOARES


Sem usar de nenhum eufemismo, magistrado deu seu diagnóstico sobre o que está ocorrendo com a soltura de apenados



Do alto da minha carcomida torre, pois que sempre bombardeada, como um humilde marquês, sexta-feira treze última, apontei que os discursos oficiais e oficiosos (oficiais são sólidos e raros e, os oficiosos, são fartos e vazios) sobre o sistema penitenciário gaúcho, que, no país, é o que ostenta o flagelo maior, estão plenamente esgotados. Com isso, mais uma vez pautei coleguinhas de outros veículos que repercutiram, ontem, a questão e camuflaram, parcialmente, um depoimento do juiz Sidnei Brzuska, da Vara de Execuções Criminais da capital, que colocou a minha posição crítica num plano de exagerada suavidade. Para mim, os discursos oficiais e oficiosos estão esgotados, pois para Brzuska o discurso existente representa um "estelionato". Sigam-me


Trabalho


Independente do que a sociedade possa pensar sobre isso, tem sido intensificada no Estado a ideia de que para arejar os presídios o melhor caminho é libertar cidadãos condenados, com ênfase para as tais tornozeleiras eletrônicas. A meta da Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários) visa a alcançar o número de cinco mil apenados a circular pelas ruas com tornozeleiras. Ocorre que em qualquer parte do planeta este tipo de liberdade é relacionado a uma ocupação, a um trabalho, a um emprego, detalhes que não são sequer insinuados pela Susepe, que considera tal projeto um "sucesso"


O juiz


Ao apontar que o projeto da Susepe, que é a ponta de lança do governo neste episódio, não passa de um "estelionato", Brzuska deu para a mídia um depoimento claro e para o qual, seguramente, alguma resposta deve estar sendo cuidadosamente preparada e, talvez, ainda hoje seja divulgada. Disse o magistrado: "É um absurdo. Estamos soltando presos por falta de vagas e a Susepe considera como se isso fosse inexistente. Tem quase cinco mil detentos soltos que deveriam estar presos"



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