quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O CAOS CARCERÁRIO

ZERO HORA 11 de dezembro de 2013 | N° 17641


PAULO SANT’ANA


O canal 40, Globo News, apresentou agora ao público brasileiro em geral um estafante e talentoso trabalho sobre a situação penitenciária no Brasil.

Chamou atenção o estudo detalhado das prisões gaúchas, não à beira, mas na profundidade do caos.

Uma vergonha.

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Chegamos agora ao cúmulo: estamos livrando pessoas que deveriam estar presas por não termos onde colocá-las para cumprir suas penas.

E, quando eu advertia durante 40 anos de que a situação de caos dos presídios acabaria por tornar as ruas um inferno, ninguém ligou para minha advertência.

Até que chegamos a esta atualidade aterrorizante de hoje: convivemos em igualdade de condições, nas ruas e em torno de nossas casas, com criminosos soltos que tinham de estar presos. Mas não há lugar para mais ninguém nas prisões e então escolhem aqueles que viverão a liberdade quando a ordem e a lei imperativamente tinham de recolhê-los a presídios.

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E o pior: os milhares de detentos que estão recolhidos às prisões no Rio Grande do Sul, em sua maioria, vivem em situação pior do que a de animais, haja vista a reportagem que se viu agora na Globo News.

As condições de higiene em que vivem os detentos do Presídio Central são abomináveis, sujeitos à sujeira mais pérfida e condenados assim pelas doenças a morrerem abandonados.

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Todos os governos estaduais que se sucederam nos últimos 50 anos são culpados desse crime que se comete contra a sociedade.

Mas o interessante é que foi esta mesma sociedade gaúcha que licenciou todos esses governos a cometer essa sandice monumental e tropelia.

*

É o fim. E ninguém se envergonha desse fim. Seguem a vida como se não fossem responsáveis por este grave e continuado atentado aos direitos humanos.

Mas agora estourou. Agora a sociedade que sempre declarou que os detentos tinham é que morrer se vê atacada ou ameaçada pelo crime impune solto pelas ruas.

Durmo em paz como minha consciência: não resolvi coisa nenhuma, mas avisei, bradei, durante mais de 40 anos, para esse fim trágico que agora vivemos. Todos me foram surdos.

E eu nunca vi, nesses 40 anos, nenhum gaúcho, repito, nenhum gaúcho recusar-se a votar em alguém para governador ou deputado estadual e federal porque foi leniente ao caos carcerário. Por isso é que todos os eleitos passaram quatro décadas se omitindo, ninguém lhes cobrava, quando não os estimulava à pérfida desídia.

Nenhum fez nada.

E deu no que deu.

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