sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

TRAJETÓRIA VIGIADA

SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi - ZERO HORA, 17/02/2011


É até compreensível que alguns defensores dos direitos humanos torçam o nariz para as tornozeleiras. Caso fiquem expostos, os equipamentos vão submeter o usuário a constrangimento, algo que não se adequa à proposta de reencaminhar para o lado da lei aquele que cometeu um crime. Acontece que a maioria dos presos usa calças, que ocultam o aparelho eletrônico. Logo, não há do que se envergonhar.

Já os benefícios da adoção das tornozeleiras são vários, mas basta lembrar dois. O primeiro efeito é diminuir a superlotação carcerária. Os apenados que usam tornozeleiras são dispensados de passar a noite num albergue, o que significa abrir vaga para outros que precisam ir para esses locais.

O segundo grande benefício é que a tornozeleira foi feita para impedir o presidiário de desviar-se para outros rumos, quando deve ir ao trabalho. Se ele sai de um determinado roteiro traçado pelos agentes penitenciários, um alarme soa. Ou seja, o equipamento eletrônico ajuda que seja cumprida a laborterapia (terapia do trabalho), uma das maneiras comprovadamente mais eficazes de reinserir os presos na sociedade.

Como efeitos colaterais, as tornozeleiras diminuem o gasto com servidores, já que seria necessário um exército de funcionários para vigiar todos os presos do aberto – hoje, na prática, não existe vigilância. A aparelhagem eletrônica supre esse papel: um servidor, sozinho, consegue monitorar vários presos.

Argumenta-se que alguns presos cometeram crimes mesmo usando a tornozeleira. Ora, o aparelho não impede crimes – nada impede. Ele apenas garante que a trajetória do preso seja vigiada, algo que até agora não era feito. Já é muito, concordam?

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