sábado, 19 de fevereiro de 2011

REVEZAMENTO NOS COLCHÕES

Superlotação faz presos se revezarem em colchões na PF de Foz do Iguaçu, no PR - 18/02/2011 às 17h16m; O Globo


SÃO PAULO - A carceragem da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, no Paraná, tem capacidade para 14 detentos, mas abriga 69, segundo levantamento feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). São apenas sete celas, onde caberiam duas pessoas. A superlotação está obrigando os presos a se revezarem nos colchões. A noite de sono deles, dura apenas quatro horas.

O detento Mateus dorme há três meses sobre um colchonete no chão do corredor da carceragem. Ele dorme quatro horas porque reveza sua cama com um colega, que espera a vez em pé, escorado na grade da cela. O rapaz foi um dos entrevistados durante a inspeção do CNJ à carceragem, na última quarta-feira.

" A superlotação está transformando a elite da polícia em carcereiros. É um desvio de função "


- Uma carceragem deve ser uma unidade de passagem, onde o preso fica apenas enquanto o flagrante é lavrado, antes de ser encaminhado a uma penitenciária - afirmou o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, juiz Luciano Losekann, que liderou a inspeção.

Na inspeção, ficou constatado que havia quatro presos condenados na carceragem.

Além da superlotação, também se verificou a falta de higiene. O preso F. V. foi preso há uma semana por contrabando e dorme desde então no banheiro de uma das celas, na companhia do cunhado, detido na mesma ocasião, na Ponte da Amizade, entre Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este, no Paraguai.

Na carceragem da PF em Foz do Iguaçu, não há visitas íntimas e as visitas de familiares só podem acontecer a cada 15 dias, o que viola os direitos dos presos.

O delegado-chefe, José Iegas, explicou que a proibição de se transferir presos da PF para os presídios estaduais da região fez a superlotação piorar.

- Na fronteira com Paraguai e Argentina acontecem muitas prisões toda semana, por tráfico de drogas e contrabando - afirma o delegado.

Luciano Losekann, disse que uma das soluções que o CNJ poderá propor é a construção de uma ala para presos federais em algum presídio da região.

- A superlotação está transformando a elite da polícia em carcereiros. É um desvio de função - disse.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Enquanto a Justiça brasileira continuar adotando medidas fracas, superficiais e inoperantes, afagando para não se indispor com os Chefes do Poder Executivo, esta situação vergonhosa nos presídios, indigna e afrontosa aos direitos humanos não cessará.

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