terça-feira, 30 de dezembro de 2014

SECRETARIO ADMITE FALHAS E DIZ QUE ÚNICA SOLUÇÃO É ESVAZIAMENTO

DIÁRIO GAÚCHO 30/12/2014 | 10h42

Babiana Mugnol


Secretário admite falhas no Presídio Central e diz que única solução é esvaziamento. Michels falou sobre vídeo que mostra detentos usando cocaína.




Foto: Reprodução / Arquivo pessoal



Após a divulgação do vídeo que mostra detentos do Presídio Central fazendo fila para cheirar cocaína em uma festa de Natal, o secretário da Segurança do Estado, Airton Michels, admitiu em entrevista à Rádio Gaúcha falhas na segurança da penitenciária. Segundo ele, a única solução para as mazelas é o esvaziamento do Central. As informações são da Rádio Gaúcha.



– Assumimos com 5 mil presos e diminuímos para 3,6 mil com possibilidade de esvaziar o Central nos próximos seis meses – afirmou.

Ele reforçou que quando assumiu o cargo, há quatro anos, disse que o Central era o maior problema de segurança do Estado, e que tomou providências para mudar a situação.

– Estamos gerando em obras em andamento mais de 6,2 mil vagas no sistema prisional gaúcho, isso é inédido – disse.

Ele também reforçou que com um presídio lotado ninguém consegue resolver os problemas de disputa de poder entre facções.

Na segunda-feira, um vídeo divulgado pelo Diário Gaúcho causou polêmica. As imagens mostram dezenas de detentos do Presídio Central fazendo fila para cheirar cocaína.

O Juiz da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre, Sidinei Brzuska, disse que essa é uma realidade conhecida e que a única surpresa é alguém ter tido coragem de divulgar. Ele também criticou o governo do Estado por alugar uma sala dentro da penitenciária para a venda legal de alimentos e objetos de higiene pessoal.

Segundo o juiz, uma empresária paga R$ 40 mil de aluguel por mês para manter o comércio dentro do Presídio Central. Desta forma, ele diz que se formam as chamadas "subcantinas", onde os presos vendem novamente os mesmos materiais.

– Cada visita que ingressa no Central pode levar R$ 125 por semana. Esse dinheiro que entra serve para comprar arroz, feijão, creme dental... Mas esse mesmo dinheiro é usado para comprar drogas e financiar o comércio dentro da galeria. Há uma porta lícita, autorizada pelo Estado. Para mudar isso, tem que mudar a cultura. Nada pode entrar que não seja comprado pelo Estado – defende o magistrado.

Segundo Brzuska, 20% do material que entra no presídio é apreendido na sala de revista, mas armas, drogas e celulares entram por outros meios, como o arremesso pelo muro. O juiz também disse que não se pode descartar a hipótese de que agentes públicos facilitem a entrada, citando o caso de dois policiais presos em flagrante.

O responsável pela Vara de Execuções Criminais também acredita que a facção se fortalece na quantidade de presos.

– Quando diminuímos os presos, entram menos visitas e menos dinheiro – reforça.

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