ZERO HORA 30 de dezembro de 2014 | N° 18028
EDITORIAL
O que não se pode entender, nem admitir, é permissividade do consumo livre de drogas no interior das celas, como se vê no vídeo divulgado ontem.O mais chocante do vídeo que mostra apenados realizando uma festa para cheirar cocaína no interior do Presídio Central de Porto Alegre é a constatação de que as drogas assim como os celulares e até mesmo armas continuam tendo trânsito livre na maior casa prisional do Estado. As cenas de presos fazendo fila para consumir carreiras de pó contrastam com as campanhas pela desativação da penitenciária, reconhecida como a pior do país por causa da superlotação e das condições precárias da casa, cuja demolição tem sido prometida por sucessivos governos.
É inquestionável que sentenciados sob a guarda do Estado merecem tratamento digno, ainda que parcela expressiva da população, especialmente as vítimas da criminalidade, defenda a exposição ao sacrifício como pena adicional. O que não se pode entender, nem admitir, é permissividade do consumo livre de drogas no interior das celas, como se vê no vídeo divulgado ontem – provavelmente gravado por um dos participantes da reunião festiva.
O mínimo que se pode concluir do inusitado vídeo é que houve falha grave na revista e no controle de entrada de objetos para o uso dos presos. Infelizmente, como lembra o juiz da Vara de Execuções Criminais da Capital, Sidinei Brzuska, o ingresso de entorpecentes não é incomum. Só nos últimos quatro anos, foram apreendidos 60 quilos de drogas no Presídio Central. No ano de 2012, uma imagem gravada num cartão de memória apreendido por PMs durante uma revista mostrava um detento, dentro da cela, exibindo um revólver e uma pistola. As armas acabaram sendo localizadas pela polícia.
Diante desse histórico e do acintoso registro da festa de Natal com consumo de cocaína, torna-se urgente uma revisão do sistema de revista de visitantes, além, evidentemente, da apuração do episódio. Cabe ao comando da Brigada Militar, responsável pela administração da casa e pela vigilância dos detentos, prestar contas à sociedade sobre o descalabro recém revelado.
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