terça-feira, 30 de dezembro de 2014

COMO AS FACÇÕES SE ORGANIZAM E O PODER PARALELO DENTRO DO PRESÍDIO CENTRAL

DIÁRIO GAÚCHO 30/12/2014 | 15h04


Como as facções se organizam e o poder paralelo dentro do Presídio Central. Série de reportagens publicadas em 2013 pelo Diário Gaúcho desvendou o funcionamento das organizações criminosas que atuam na maior penitenciária do Estado


Tráfico de drogas, ameaças, assassinatos, extorsões: os crimes sob o teto do Presídio Central Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

No início de outubro de 2013 o Diário Gaúcho publicou uma série de reportagens mostrando o funcionamento e a organização das facções dentro do Presídio Central. Nesta segunda-feira, um vídeo publicado pelo DG mostra o descontrole do poder público sobre a rotina dos presos.


As reportagens publicadas nos dias 2, 3 e 4 de outubro do ano passado detalham os crimes cometidos pelos detentos e mostram que tráfico de drogas, ameaças, assassinatos, extorsões, entre outros crimes, já eram praticados pelos presos anos atrás.

"O metro quadrado pago com vidas"

A primeira reportagem da série, publicada no dia 2 de outubro de 2013, explicou que tudo é pago dentro do Central: comida, drogas, segurança. O faturamento das facções que dominam cada galeria do presídio chegava há R$ 500 mil mensais — livre de impostos. As galerias da maior penitenciária gaúcha chegaram a ser classificadas entre os imóveis mais caros de Porto Alegre. Isso porque além da quantia financeira elevada que era desembolsada pelo espaço, o retorno era garantido: ou paga ou morre.

"Quem deve, tem de pagar"

Na segunda reportagem, publicada um dia depois, 3 de outubro de 2013, o Diário Gaúcho contou que as dívidas não são perdoadas no Central. A morte por overdose era a mais cometida dentro do presídio, principalmente por não deixar marcas aparentes nas vítimas. Esse tipo de homicídio dificultava a ação do poder público contra a liderança das facções. As ameaças para quem falha no cumprimento das "missões" também era algo comum. O pior é que na maioria das vezes, elas de cumpriam. Sequer o pedido de transferência do preso tinha tempo de ser executado: o devedor normalmente morria antes disso.

"O lucro nas barbas do poder"

A terceira e última reportagem da série, publicada no dia 4 de outubro de 2013, denunciou a passividade do poder público sob o teto do Central. No presídio, existe uma cantina com preços tabelados pela Susepe. No entanto, os detentos não tinham acesso a esses produtos. As facções determinam "cantineiros" para fazer as compras e o grupo revender dentro das galerias com valores superfaturados. Essas cantinas são regulamentadas por lei no Estado desde 1996, mas já foram alvo de CPI em 2006 por suspeita de corrupção de agentes públicos e extorsão por parte das organizações criminosas. O detalhe é que deveria haver fiscalização e ser acessível a todos os presos, o que não se cumpre por ordens das próprias facções.

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