SUA SEGURANÇA | HUMBERTO TREZZI
Com 297 mil presidiários, o Estado de São Paulo responde por mais de um terço da massa carcerária brasileira. A quantidade de paulistas presos é exatamente 10 vezes a de gaúchos presos, embora São Paulo tenha população apenas três vezes e meia maior que a do Rio Grande do Sul.
A verdade é que o encarceramento é política de governo, em São Paulo. Histórica. Paulo Maluf fez fama, quando governador, prometendo “colocar a Rota na rua” (numa referência à tropa de elite da PM paulista, afamada por matar suspeitos de crimes). Orestes Quércia e Luiz Antônio Fleury, de outro partido (o PMDB), deram sequência ao endurecimento com criminosos, tanto que no governo Fleury ocorreu o massacre de 111 presos, pela PM, no Carandiru. E os governantes do PSDB continuaram essa saga de dureza prisional, construindo um presídio atrás do outro. Parece estar rendendo votos. É um modelo muito mais parecido com o norte-americano que com o de outros pontos do Brasil.
Já o Rio Grande do Sul se destaca por fatores bem diferentes: não tem presos em delegacias (ao contrário de São Paulo, onde isso é prática comum) e muitos juízes gaúchos costumam abrandar penas, colocando presidiários pouco perigosos em regime aberto ou em prisão domiciliar.
Muitos gaúchos suspiram por um rigor semelhante ao paulista, na questão prisional. Mas é preciso lembrar que esses mesmos presídios paulistas gestaram o mais poderoso sindicato do crime no país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), que controla inclusive os delitos fora das grades. Toda moeda – e toda questão – tem no mínimo dois lados.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A questão não é prender mais ou prender menos. É processar, julgar e sentenciar com mais rapidez; abrigar os presos e apenados em presídios dignos e seguros; e quebrar o ciclo da criminalidade reeducando, ressocializando e reintegrando à sociedade. Nenhuma destas três medidas é satisfatória no Brasil, pois são executadas com indolência, desinteresse e má vontade no três poderes em reverter esta situação, jogando as consequências nocivas na segurança dos apenados e da população em geral.
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