segunda-feira, 7 de julho de 2014

PRESÍDIO CENTRAL, MOTINS CONFRONTAM MUDANÇAS NO MODELO DE GESTÃO

DIÁRIO GAÚCHO 17/02/2009 | 02h42

Motins confrontam mudanças no modelo do Presídio Central.  Detentos reivindicavam menos rigidez em nova área da cadeia da Capital



À noite, presidiários usaram os problemas de falta de energia e água como pretexto para incendiar colchões e lençóis, em manifestação sufocada pela BrigadaFoto: Marcos Nagelstein

Na maior cadeia do país, o dia foi de confronto. Em funcionamento há 45 dias, o pavilhão J — a nova área do Presídio Central, que representa um novo modelo — registrou ontem o primeiro motim. Ao quebrar mesas do refeitório, os 68 presos tentaram intimidar a direção e instaurar à força as mesmas regras impostas por facções criminosas nas galerias antigas.

Seis horas depois, em nova revolta, os detentos de outros pavilhões, mais antigos, incendiaram colchões. Eles usaram a falta de energia e água como pretexto para o motim, que serviu para apoiar os pedidos dos presos do prédio J.

Contrariados com as regras mais rígidas impostas pela Brigada Militar, os detentos do pavilhão J começaram o primeiro protesto às 14h30min. Eles se recusaram a voltar para as celas após o banho de sol. Os presos tentaram impedir a aproximação dos policiais militares quando retornaram do pátio para o pavilhão. O grupo rebelado montou barricadas no refeitório, localizado no térreo do prédio, e ameaçou atear fogo em móveis.

— Eles queriam fazer pressão para que pudessem transitar livremente pelos corredores, como faziam em outras galerias. Queriam aquelas regalias que não vão ter nesse novo pavilhão — explicou o diretor do Central, tenente-coronel Jainer Pereira Alves.

Para controlar o tumulto, 20 PMs cercaram o refeitório e usaram balas de borracha para conter os detentos. Um interno foi ferido no pescoço e foi levado ao Hospital Pronto Socorro. O motim foi controlado em 15 minutos.

— Todos foram levados para as celas, depois de uma minuciosa revista — disse o diretor, que enfrentou seu primeiro motim desde que assumiu a casa no final de janeiro.

O superintendente dos Serviços Penitenciários, Paulo Zietlow, elogiou a ação da Brigada.

— Temos regras rígidas nesta nova ala do Central e nos novos presídios, como em Caxias do Sul, que desagradam aos detentos. Mas é uma questão de disciplina. Por isso, elas serão cumpridas — disse.

COMO É NO PAVILHÃO J

O novo pavilhão do Central tem um perfil diferente

> Cada cela abriga oito presos

> As celas permanecem fechadas durante todo o dia

> É proibido o trânsito de presos nos corredores, exceto em horários pré-determinados, como almoço, janta e banho de sol

> As galerias são controladas pela Brigada Militar

COMO É EM OUTROS PAVILHÕES

> Algumas celas abrigam mais de 30 presos, que permanecem abertas na maior parte ia dos pavilhões

> Presos podem transitar livremente pelos corredores de suas galerias

> As regras nas galerias são impostas por facções criminosas

> Um preso eleito controla a galeria

HISTÓRIA DE PERCALÇOS

Mesmo antes da inauguração, a nova área no Central já enfrentou obstáculos:

> Prevista para 2006, a inauguração dos quatro novos pavilhões só ocorreu em 19 de dezembro passado

> No dia 19 de janeiro, apenas 40 presos ocupavam parte do único pavilhão concluído. Os demais prédios teriam problemas de infiltração, segundo entrevista do diretor a ZH

> No dia seguinte, o Comando-geral da BM decide transferir Eden para o Estado Maior do Comando de Policiamento da Capital

Nenhum comentário: