sábado, 19 de julho de 2014

PAGAR PARA ENTRAR EM PRESÍDIO


ZERO HORA 19 de julho de 2014 | N° 17864


Presos tinham de pagar para entrar em presídio de Taquara




Uma investigação do Ministério Público (MP), que resultou na prisão do diretor do presídio de Taquara, Evandro Teixeira, e do chefe de segurança da casa prisional, Marcelo Alexandre Ribeiro de Carvalho, identificou um suposto esquema de corrupção na casa de detenção.

A fraude, segundo o MP, seria intermediada pela direção e por um detento do regime aberto, também preso na operação e cujo nome não foi divulgado. De acordo com as investigações, para permanecer no presídio de Taquara, alguns apenas pagavam para os agentes presos. Caso contrário, eram encaminhados a outras casas prisionais.

– Eles negociavam e cobravam dos presos para permanecer no presídio ou vir de outras casas prisionais, dando algumas regalias a eles, como cela exclusiva ou não tão superlotada – disse o subprocurador de Justiça para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles.

A Operação Pitágoras, como foi denominada, se iniciou em agosto do ano passado, após denúncia anônima, e também teria comprovado o desvio de verba de convênios com entidades públicas e prefeituras, cobrança de valores ao presos, exploração de detentos, entre outros crimes, ainda em investigação pelo MP. As entidades e os valores movimentados não foram divulgados.

A promotoria também tem indícios de que a direção do presídio fazia prestação de contas com notas falsas ou adulteradas com origem em municípios como Gramado, Parobé e Canoas, onde foram cumpridos mandados de busca e feita apreensão de provas.

– Há um cenário de corrupção bastante assustador no presídio – destaca o promotor do MP de Taquara, Leonardo Giardin de Souza.

Os dois servidores são suspeitos, até o momento, de peculato, corrupção passiva e homicídio com dolo eventual, pois, de acordo com o MP, teria havido a omissão de socorro a um preso que morreu no final de 2013. Ambos foram encaminhados para o Grupamento de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, em Porto Alegre , e devem ficar presos temporariamente por 30 dias.

O terceiro preso na operação está detido na Delegacia de Taquara, onde ficará até que a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) decida para qual presídio ele deve ser encaminhado. A defesa dos presos afirmou que não irá se manifestar até que as investigações sejam concluídas.

A Susepe confirmou os desligamentos do diretor do presídio e do chefe de segurança. Segundo Irineu Koch, superintendente adjunto do órgão, a superintendência coopera com o que for necessário para a investigação.

Desde a manhã de ontem, a Corregedoria-Geral do Sistema Penitenciário atua como interventora no presídio de Taquara, onde ficará até que ocorra nomeação de uma nova direção, o que ainda não tem data prevista.

Até ontem, a casa de detenção de Taquara abrigava 158 presos no regime fechado e 115 em sistema semiaberto.

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