sábado, 1 de setembro de 2012

SISTEMA CONTA COM AS FUGAS


 
G1 - Atualizado em 31/08/2012 22h35

Mais de 7 mil presos fugiram do regime semiaberto em 3 anos no RS. Juiz diz que sistema carcerário conta com fugas para abertura de vagas. Segundo Justiça, a maioria dos foragidos volta a cometer delitos.

Do G1 RS



Nos últimos três anos, mais de 7 mil presos do regime semiaberto fugiram no Rio Grande do Sul, segundo a Justiça. O juiz da Vara de Execuções Criminais, Paulo Augusto Oliveira Irion, diz que o sistema carcerário gaúcho conta com as fugas para a liberação de vagas nos presídios do estado, conforme reportagem do RBS Notícias.

De acordo com o magistrado, o sistema penitenciário gaúcho só não entrou em colapso ainda porque há um grande número de foragidos. “O sistema já há alguns anos tem sido sustentado praticamente contando com as fugas do regime semiaberto”, afirma o juiz Paulo Irion.

A Polícia Civil afirma que as prisões continuam acontecendo e cada vez em maior número. Segundo o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, delegado Valdecir Müller, só este mês foram realizadas cerca de mil, entre autuações em flagrante e prisões preventivas, também realizadas pela Brigada Militar.
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Mas apenas 15% dos presos permanecem nas casas prisionais, cumprindo efetivamente a pena. Segundo a Justiça gaúcha, a maioria dos foragidos ou liberados volta a praticar delitos. “A Polícia Civil vai continuar prendendo e cada vez prendendo mais e com mais qualidade, para que as pessoas presas pela Polícia Civil fiquem efetivamente encarceradas pelo período que a lei prevê”, afirma o delegado Müller.

Mas o trabalho da polícia acaba esbarrando em presídios lotados. Na quinta-feira (30), mais uma cadeia foi interditada. A Penitenciária Estadual de Charqueadas está com 871 presos, quando a capacidade é para 336. Procurada, a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) não quis comentou a declaração do magistrado. Disse apenas que a Penitenciária de Arroio dos Ratos deve abrir novas vagas em setembro.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Não é a toa que o Brasil avança numa calamidade criminal que atinge ruas e lares das grandes cidades e dos municípios pequenos, já com níveis de terrorismo. O que esperar diante da afirmação calma, desanimada e impotente de nobre magistrado e autoridade de justiça dizer na lata de todos e sem rodeios uma verdade formal e analítica que "o sistema carcerário gaúcho conta com as fugas para a liberação de vagas nos presídios do estado". É caos sendo aceito por todos os atores que, resignados, já não enxergam uma luz no final do túnel. Dá a entender que o judiciário não tem vigor para aplicar a lei com coatividade; é conivente diante da negligência, corporativismo e leniência poder político; é dependente de interesses; e não tem força suficiente para decidir e buscar as soluções, preferindo aceitar a verdade e continuar aplicando as mesmas medidas superficiais, improdutivas e inoperantes que mantêm impunes e omissos os verdadeiros responsáveis pela calamidade prisional, sem se importar com o prejuízo do interesse público, dos direitos humanos, da vida, da ordem, da justiça e da segurança.

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