REVISTA ISTO É N° Edição: 2238 | 29.Set.12 - 10:43
Polícia diz que Cabo Bruno, ex-líder de grupo de extermínio que cumpriu 27 anos de prisão, foi assassinado por vingança Flávio Costa
FÉ. O ex-policial havia se tornado pastor poucos dias antes ser executado
Exatos 34 dias após deixar a prisão, onde esteve por 27 anos, o ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira, 53 anos, mais conhecido como Cabo Bruno, foi assassinado a tiros por dois homens, na noite da quarta-feira 26, em frente à sua casa em Pindamonhangaba – cidade distante 146 quilômetros de São Paulo. Pastor recém-empossado da Igreja Pentecostal Refúgio em Cristo, ele foi alvejado logo após sair do banco de carona de um carro, quando voltava de um culto evangélico em Aparecida (SP), com a mulher e o genro dela – ambos saíram ilesos. Os tiros atingiram, sobretudo, o pescoço e o rosto do ex-líder do grupo de extermínio que agia em São Paulo na década de 1980, autor de ao menos 50 assassinatos. A polícia recolheu 18 cápsulas de pistolas ponto 40 e 765 no local do crime. Os atiradores fugiram a pé.
“A hipótese mais provável é que se trate de um crime de vingança, obviamente pelo passado da vítima. Ele estava muito exposto”, afirmou o delegado Vicente Lagioto. Cabo Bruno foi condenado pela Justiça a 117 anos de detenção e chegou a fugir três vezes. “Temos a informação de que a vítima estava sendo seguida por uma equipe de televisão. Vamos pedir as imagens para análise”, disse Lagioto.
Nos poucos dias de liberdade, Cabo Bruno viajou para rever amigos, as duas filhas e a mãe, presidiu cultos e tentou levar uma vida normal com a mulher, a pastora Dayse França, e os três filhos dela. Há menos de uma semana, ele tinha se tornado pastor da igreja que a companheira comandava em Taubaté (SP). Tinha planos de viajar para o Rio de Janeiro e pintar quadros, além de acrescentar o nome que lhe deu fama à certidão. Já havia pedido ao seu advogado que entrasse com o processo. “Ele nunca me disse que havia sofrido ameaças”, disse Fábio Tondati Ferreira Jorge, advogado do ex-policial. Mas Cabo Bruno sabia que corria riscos. “Sempre vai haver essa possibilidade (de vingança), a gente evita se expor por causa disso. Mas eu não posso ficar escondido. Eu acredito muito que o mesmo Deus que me protegeu até hoje vai continuar me protegendo”, afirmou à ISTOÉ na semana em que deixou a cadeia. Cabo Bruno queria reconstruir a vida. Mas o passado cobrou seu preço.
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