quinta-feira, 23 de setembro de 2010

DESCONTROLE - Detento com tornozeleira é flagrado ao traficar crack

Detento com tornozeleira é flagrado ao traficar crack. Susepe investiga se homem capturado pela Brigada respeitou os limites impostos por monitoramento - ANDRÉ MAGS, Zero Hora, 22/09/2010

Um apenado monitorado eletronicamente há 15 dias tornou-se o primeiro caso de usuário da tornozeleira a ser descoberto cometendo um crime no Rio Grande do Sul. O homem foi preso pela Brigada Militar (BM) ao ser flagrado traficando crack em Taquara, na última quinta-feira. A Superintendência dos Serviços Penitenciárias (Susepe) investigará o caso.

O preso cumpria pena no regime aberto e usava o aparelho desde 1º de setembro. A prisão foi possível porque Reginaldo de Borba Moreira, o Carija, 27 anos, se encontrava em uma casa na Rua Osvaldo Brandão, no bairro Jardim do Prado, conhecida pela BM por ser utilizada por traficantes. Em uma ação na área, uma equipe formada por um sargento e três soldados da BM do município apareceu no local para conferir se traficantes não estavam usando o imóvel.

Foi na residência que os policiais localizaram Moreira. Imediantamente, ele teria tentado se livrar de uma meia, só que os PMs viram o objeto sendo jogado longe. Dentro da meia havia 32 pedras de crack. O suspeito também estaria de posse de três chips e dois celulares e R$ 191 em dinheiro. Moreira foi encaminhado ao presídio de Taquara e perdeu o direito de usar a tornozeleira.

A Susepe acredita que Moreira estava dentro da área permitida para que circulasse quando foi preso, mas irá verificar a informação. Se for confirmado que ele estava em local proibido, a Susepe vai apurar se houve falha do equipamento ao não avisar o deslocamento do apenado. O comportamento de Moreira foi criticado pelo superintendente-adjunto da Susepe, Afonso Auler. Ele considerou o ato um desrespeito.

– Ele se aproveitou da tornozeleira, que possibilitou a ele ficar em casa dormindo, e não em um albergue. Ele não aproveitou a oportunidade que a sociedade lhe concedeu – afirmou.

Para Auler, o incidente não demonstra fragilidade no sistema.

– Em nenhum momento, o aparelho deixou de funcionar. Temos os registros de todos os locais por onde ele andou. Se fosse um homicídio, mostraria que ele esteve no local – defendeu.

Saiba mais - O funcionamento da peça se baseia no envio de um alerta a uma central no caso de o apenado romper a tornozeleira ou se locomover por uma área não permitida a ele pela Susepe. A colocação do aparelho deve ser aceita pelos apenados. Os detentos que aceitarem usar o aparelho, dos regimes aberto e semiaberto, ficam dispensados de pernoitar em albergues, mas têm de se apresentar uma vez por mês à Susepe. Entre os requisitos para utilizar a tornozeleira estão não ter cometido crime hediondo nem contar com mais de uma condenação por crime violento. O sistema começou a funcionar em 20 de agosto, com o objetivo de evitar a interdição pela Justiça de 14 albergues superlotados na Região Metropolitana.

- 112 apenados usam a tornozeleira no Estado
- 200 deve ser o número total até o fim do ano.
- R$ 500 mensais é o custo de equipamento por preso.
- R$ 100 a menos do que o gasto com um apenado nos albergues.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA
- De que adianta a tecnologia se o potencial humano não sabe usar, manter ou direcionar para seus verdadeiros objetivos. O recurso tecnológico é abstrato e não tem vontade própria. É preciso que tenha um agente capacitado, motivado e devidamente amparado em leis fortes para que o aparato seja aplicado e respeitado.

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