segunda-feira, 27 de setembro de 2010

DESCONTROLE - Da cadeia, traficantes combinam execução, venda de armas e roubos de carros

Por telefone, traficantes combinariam assassinato, venda de armas e roubos de carros. Polícia desarticulou três quadrilhas em Eldorado do Sul nos últimos meses - Cid Martins - Zero Hora Online, Polícia | 27/09/2010 | 13h50min


Depois de desarticular três quadrilhas que disputavam o tráfico de drogas em Eldorado do Sul, a delegacia do município divulgou escutas autorizadas pela Justiça. Em uma delas, uma mulher entra em contato com um preso do regime fechado da Penitenciária Estadual do Jacuí, em Charqueadas.

Ela é suspeita de comandar uma das quadrilhas e estaria combinando o assassinato do responsável pelo grupo rival. Os dois acertam horários e deslocamentos. Depois deste contato, o preso do regime fechado contrata dois detentos do regime semiaberto, também de Charqueadas, para matar o traficante de Eldorado.

O detento diz que o horário tem que ser às 22h para poder fugir do local e voltar a tempo para a revista no início da manhã. Em outra escuta, o preso do regime fechado, que faz a intermediação entre traficantes de Eldorado e detentos do semiaberto, acerta o valor a ser pago pelo homicídio, R$ 1,2 mil, e ainda o lugar a ser entregue o corpo.

Em códigos, um dos presos também encomenda um Fiat Fiorino para carregar o corpo do traficante a ser executado. O carro é chamado de bicho e a exigência é que tenha vidro fumê. Também pede ferramentas, neste caso armas, ao preço de R$ 400.

O delegado de Eldorado do Sul, Rodrigo Zucco, investiga se estes presos estão por trás de outros assassinatos na região. A Susepe aguarda comunicado oficial para instaurar uma sindicância, mas já iniciou uma investigação sobre o uso de celular e as fugas do sistema semiaberto em Charqueadas.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O sistema prisional está sucateado, falido e sem controle. E os governantes - políticos e magistrados - continuam a mercê de leis superficiais, da conivência do corporativismo entre os Poderes, da omissão no exercício dos papeís institucionais na execução penal e no estímulo da impunidade devido à inoperância da fiscalização, da supervisão e da aplicação coativa da lei.

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