quinta-feira, 25 de abril de 2013

CEMITÉRIO CLANDESTINO

ZERO HORA 25 de abril de 2013 | N° 17413


Cadáveres sepultados em prisão. Operários de empreiteira encontraram corpos de dois homens enterrados em terreno da Colônia Penal Agrícola de Venâncio Aires


Escavações realizadas no pátio da Colônia Penal Agrícola de Venâncio Aires confirmou uma suspeita propagada há anos no Vale do Rio Pardo: pelo menos dois cadáveres, sepultados clandestinamente, foram encontrados no terreno da instituição. A suspeita é de que os corpos sejam de presos que cumpriam pena na Colônia.

Adescoberta foi feita ontem por um funcionário da obra de construção do novo presídio, de regime fechado, que está sendo erguido no mesmo terreno da colônia, que deve ser desativada. Ao encontrar terra remexida a pouco mais de 10 metros da obra, suspeitou e chamou colegas. Uma máquina fez uma escavação superficial e encontrou os cadáveres a cerca de um metro de profundidade.

Segundo o delegado da Polícia Civil Paulo Cesar Schirrmann, os corpos são de dois homens.

– Eles estão enrolados em cobertores. Aparentemente, parecem ser duas pessoas, mas precisamos escavar mais para confirmar – afirma Schirrmann, não descartando que pode haver mais corpos.

Como um dos corpos tem cabelo comprido, a polícia chegou a suspeitar que vítima fosse uma mulher. A Colônia não abriga mulheres, mas sabe-se que detentos recebem visita de garotas de programas na instituição.

Para o delegado penitenciário regional Anderson Lousado, o foco, a partir da descoberta, será identificar as vítimas e investigar de que forma e por quem foram mortas. Ele admite que a desova de corpos é uma suspeita antiga, mas que nem a Susepe e nem a polícia haviam conseguido confirmar.

A existência de cadáveres no terreno de 99 hectares da Colônia Penal é mais um indicador do descontrole no semiaberto. Em reportagem publicada ontem, Zero Hora revelou que há 20 dias foi descoberto armazenamento de dinamite no local. Uma inspeção encontrou dois quilos do artefato em um galpão.

No local, há registro de pelo menos 11 mortes, além de outros três apenados desaparecidos. É possível que os corpos encontrados sejam deles. A Justiça proibiu o ingresso total de presos por falta de segurança, mas a colônia ainda mantém 96 apenados, ligados a duas facções – Os Bala na Cara e Abertos Sem Lei.

VANESSA KANNENBERG



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