Tensão carcerária. Conflito iniciado no pavilhão dos presos trabalhadores foi controlado sem deixar vítimas fatais
Humberto Trezzi e Lara Ely
Detentos do Pavilhão G do Presídio Central de Porto Alegre se rebelaram na tarde de sexta-feira, provocando incêndios e tensão. A revolta começou por volta das 15h, quando os apenados descobriram que um líder de galeria seria transferido à revelia para a Penitenciária Modulada de Charqueadas.
Os detentos, que residem num pavilhão destinado apenas a presos trabalhadores, atearam fogo em colchões e hostilizaram policiais. A Brigada Militar entrou nas celas e apagou o fogo, com extintores e mangueiras contra incêndio. Os presos reagiram à presença dos policiais e jogaram pedras, sendo após reprimidos com cassetetes e disparos de armas não letais.
A rebelião foi controlada, mas resultou em ferimentos. Sete presos ficaram feridos por balas de borracha e cinco PMs sofreram ferimentos provocados por pedras, além de intoxicação por fumaça, informa o comandante em exercício do Presídio Central, major Dagoberto Albuquerque da Costa. Todos foram atendidos no Hospital de Pronto Socorro e liberados em seguida.
O pavilhão atingido sofreu danos na parte elétrica, bem como nas celas. Os próprios presos, após serem controlados, foram encarregados de fazer a limpeza do local. A galeria tem, ao todo, 59 presos, mas apenas metade participou da revolta, calcula o diretor.
Após o fim dos protestos, 20 detentos foram transferidos para a Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ) e outros quatro para a Penitenciária Modulada de Charqueadas (Pemec), incluindo o pivô da revolta. A calmaria só voltou a reinar no Central por volta das 2h deste sábado.
Quando chegou ao local, o juiz da Vara de Execuções Criminais Sidinei Brzuska se deparou com o fogo apagado, mas com as parentes ainda quentes. Segundo ele, houve falha administrativa na hora da transferência do preso, suspeito de liderar tráfico de drogas no presídio.
— Fazemos transferências todos os dias, e normalmente ocorre tudo bem. Ainda mais no pavilhão dos presos trabalhadores, onde esse tipo problema é menos esperado. Mas os funcionários já estão instruídos para ter mais cuidado — complementa o juiz.
Brzuska relembra que a última rebelião deste tipo aconteceu em 2010.
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