quinta-feira, 5 de maio de 2011

CELULARES, DROGAS E ARMAS

Foi esse o saldo da operação pente-fino feita ontem, após o tumulto na penitenciária, na terça-feira - ALESSANDRA TONIAZZO, Diario Catarinense, 05/05/2011

Nove celulares, carregadores e baterias. Fones de ouvido, embalagens de maconha e facas com lâminas artesanais. Todo esse material foi recolhido no pente-fino realizado no Presídio Masculino de Florianópolis, na tarde de ontem, em vistoria às 51 celas da unidade.

Isso é uma prova de que os detentos tinham fácil comunicação com o mundo fora das grades. Um dos aparelhos pode ter sido a origem da ligação de um detento à redação do Diário Catarinense, na noite de terça-feira. Em detalhes, um preso contou sobre a situação durante a tentativa de rebelião.

Lajotas soltas, espaços entre janelas e até mesmo caixas de luz serviam de esconderijo para os aparelhos. Também foram retirados travesseiros feitos de fiapos de colchões e garrafas de água que serviam de peso para atividades físicas. O cenário de fragilidade da segurança na unidade é, de acordo com o gerente do presídio, Euclides da Silva, uma dificuldade a ser enfrentada:

– Os celulares estão cada vez menores, mais difíceis de serem encontrados nas revistas. O pente-fino foi positivo, e outras ações devem ocorrer em breve. Sobre a tentativa de rebelião, no meu presídio, ninguém pode reclamar que apanha, porque seria uma mentira – garantiu.

O entra e saí de viaturas dos portões do Complexo Penitenciário da Capital, ontem, não lembrava o tumulto da noite anterior. O clima estava tranquilo pelas redondezas da Agronômica. As sirenes permaneceram desligadas, o helicóptero não foi usado e, nas celas, o silêncio era a testemunha da revista. O pente-fino realizado pelos agentes teve apoio da Polícia Militar.

Diretor reconhece dificuldade com celulares

Adércio José Velter, diretor do Departamento e Administração Penal (Deap) de Santa Catarina, reconheceu que ainda ocorre a entrada de celulares nas unidades prisionais do Estado. Ele explicou que uma investigação indicará se a ligação realmente foi feita de um celular de dentro do Presídio Masculino. Todos os equipamentos serão periciados, assim como a droga apreendida.

“Plantaram informações” - PEDRO SANTOS

O telefonema ao DC, na terça-feira, tinha pelo menos duas acusações. A primeira, de que os agentes e policiais estariam espancando vários presos. A outra é sobre uma suposta entrada do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) na penitenciária de São Pedro de Alcântara no sábado, e a morte de um preso.

Ontem, o diretor do do Departamento e Administração Penal (Deap) rebateu as críticas e disse que as denúncias não têm fundamento,

– São informações plantadas por um grupo que quer desestabilizar o sistema nas unidades prisionais do Estado – afirmou Adércio Velter.

O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) também diz que foi boato, já que as ações nos presídios se resumem a operações do tipo pente-fino, destinadas a encontrar armas e drogas dentro da prisão. Conforme o Bope, nessas ações são usadas apenas balas de borracha.

A última operação do Bope na penitenciária foi no último domingo, quando policiais fizeram rondas para evitar uma possibilidade de rebelião. Mas não precisaram ser acionados.

Mais protestos no Norte

Mulheres e parentes passaram boa parte do dia de ontem em frente ao Fórum de Joinville. Elas resolveram se reunir para cobrar das autoridades mais respeito com os detentos do presídio regional.

Segundo algumas, que não quiseram se identificar, os presos estão sendo agredidos com frequência e as visitas estão proibidas há dois dias.

– Temos que enfrentar fila para visitar, chegar de madrugada e ainda somos humilhadas – contou uma.

Os familiares ainda reclamaram de outras situações que os presos enfrentariam em Joinville.

– Quando chove alaga tudo, a água volta até pela descarga. O lugar fede, é desumano – relatou outra mulher.

Elas disseram que foram atendidas por duas pessoas do fórum, entre elas o juiz Thiago Fachini, que prometeu averiguar a situação.

O presidente do conselho carcerário, Nasser Haidar Barbosa, disse que nos últimos dias recebeu várias ligações de familiares, relatando problemas que, segundo eles, seriam recorrentes. Ele disse que a situação que mais preocupa é o tratamento dos agentes com as visitas dos presos, e que o assunto será apurado.

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