segunda-feira, 10 de novembro de 2014

UM CELULAR PARA CADA PRESO



ZERO HORA 10 de novembro de 2014 | N° 17979


CLÁUDIO BRITO*



Tenho consciência de que vai causar estrépito e, em muitos, indignação.

Nem por isso deixarei de expor o que é meu pensar a respeito do uso de celulares por apenados nas cadeias. Sugiro há bom tempo que os condenados recebam permissão ao porte, transporte e uso de aparelhos de telefonia móvel enquanto estiverem recolhidos. Com a advertência de que seriam monitorados ininterruptamente.

Mais ainda, em cada presídio haveria uma sala de informática, com acesso à internet, também sob controle da navegação. Desconheço meio melhor para que muitos crimes sejam evitados ou, quando ocorridos, também acarretem punição aos culpados, pois certamente identificados seus autores.

Pergunto: existe alguma investigação sem interceptação e escuta? O que ainda agora permitiu a descoberta das atividades de uma quadrilha de ladrões de automóveis comandada pelos celulares, na conexão constante de seu líder, segregado em uma cela de segurança máxima? A escuta que policiais realizaram, certamente sob autorização judicial.

Ninguém faz outra coisa quando investiga. A ordem é escutar. Então, adequado que os presos tenham seus telefones para que sejam ouvidos em seus colóquios, restando seus passos e os de seus comparsas escancarados.

Há quem diga que o uso da comunicação ensejaria mais crimes, então facilitados por quem deveria impedi-los. Não vejo assim. Foram as escutas que ensejaram a pronta resposta policial em tantos casos. E quem disse que, sem os celulares, os crimes ficariam impossíveis? Visitas e correspondência não existirão? Então, se de qualquer forma, com mais ou menos obstáculos, o cometimento de crimes por quem está na cadeia acontecerá sempre, que se facilite a investigação ouvindo-se o que os presos tramarem.

Revista rigorosa por scanner pessoal e outros instrumentos? Reserve-se a tecnologia para impedir a entrada de armas e drogas nas casas prisionais, o que é muito mais grave do que um chip ou um celular. A escuta das conversas telefônicas ajudará na missão.

Jornalista claudio.brito@rdgaucha.com.br


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Vou concordar em parte com o Brito. Nenhum país desenvolvido trabalha com ideia de permitir celulares para cada preso, pois este é um instrumento de poder, de comando, de negócio e de vida e morte entre os presos. Nenhuma polícia do mundo está preparada para prevenir um crime ordenado por celular. Agora, sou favorável a ter uma sala de informática para navegação sob controle e restrita, como forma de benefício por bom comportamento. É o que fazem nos países desenvolvidos como instrumento de disciplina e não da forma vergonhosa, calamitosa, negligente e ineficiente como é no Brasil, como se o preso tivesse direito a ter celular e depredar a cadeia para esconder os aparelhos e alimentar a bateria com gatos na rede elétrica.

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