ZERO HORA 7 de novembro de 2014 | N° 17976
SUA SEGURANÇA | HUMBERTO TREZZI
Portas de metal nos corredores dos pavilhões que funcionam de forma estanque: quando uma abre, a outra fecha. Mais de 20 câmeras monitorando, via circuito fechado, os caminhos internos. Guaritas externas de uma altura considerável, para melhor observar os presos. Muro interno, cercas de arame farpado, muro externo, tudo para dificultar fugas. Escassa comunicação entre os vizinhos de celas – que, aliás, recebem um preso cada, raridade em grandes presídios brasileiros.
Cada cela tem duas grades, uma na porta e outra por fora desta, tornando difícil ao preso serrá-las. Esses eram os predicados iniciais da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), que deveriam justificar seu nome.
Deveriam, mas não justificam, a se julgar pela minuciosa operação desencadeada pela Polícia Civil, a Trinca-Ferro (esta, sim, apropriadamente denominada... o apelido lembra um pássaro que, apesar de engaiolado, não deixa de voar).
Foi em 1999 que a primeira fuga da Pasc aconteceu. O assaltante Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio – um dos pioneiros em roubo de carros-fortes no Estado – escapou. Dizem que por uma grade de janela serrada, às vistas dos guardas. A Justiça Criminal de Charqueadas condenou 17 policiais militares pela escapada. Concluiu que eles foram negligentes ao não vigiar com cuidado o preso.
O diretor da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) na época da fuga de Papagaio era Airton Michels, o atual secretário da Segurança Pública. Agora, mais um assaltante de blindados, José Carlos dos Santos, o Seco, é indiciado por burlar a vigilância da Pasc. Não fugiu, mas comandaria o crime de trás das grades.
Como? É um grande mistério. A Pasc tem detectores de metais de dois tipos: raquete (portáteis) e portão detector. Como os celulares continuam sendo passados para os detentos? Certo que a vida dos agentes também não é uma maravilha. São ameaçados pelos chefes de facção. Desafios que a cúpula da segurança precisa solucionar.
CONTRAPONTO
O QUE DIZ A SUSEPE - A Pasc é de alta segurança. Os celulares ingressam nos presídios de diversas formas, com visitas, jogados por cima dos muros e outras, que precisam ser investigadas. Existem portais que detectam metais nas salas de visitas e funcionam bem. Em relação aos bloqueadores de celular, diversas empresas realizaram testes desde 2006 e nenhum foi eficaz. A Susepe comprou um scanner corporal que começará a funcionar na próxima semana. A aposta da Susepe é inibir a entrada de ilícitos, pois todas as pessoas que ingressarem na Pasc vão passar por esse scanner, incluindo visitas, servidores, advogados e autoridades.
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