segunda-feira, 10 de novembro de 2014

NÚMERO DE CELULARES NA PASC SUPERA O TOTAL DE PRESOS

ZERO HORA 10/11/2014 | 05h03

Dobra apreensão de celulares na Pasc. Até outubro, 254 aparelhos foram recolhidos, número superior ao total de detentos na prisão

por José Luís Costa



Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

A fama da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) de “escritório do crime organizado” é cada vez mais apropriada. O número de celulares apreendidos em 2014 já é superior ao dobro do recolhido em todo o ano passado, segundo estatística da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Considerando dados até outubro, o crescimento chega a 142%.

Foram 254 telefones recolhidos, o equivalente a mais de um aparelho por preso (225) na Pasc. Nem no Presídio Central são apreendidos tantos equipamentos em proporção ao número de detentos. Dos celulares recolhidos na Pasc, 26 foram encontrados com visitantes, 40 com presos e 188 teriam entrado por “outros meios”.


Esses “outros meios” seriam arremessos por cima de muros ou camuflagem em objetos ou alimentos. Também existe desconfiança, não admitida publicamente pela Susepe, de que o ingresso seja facilitado por quem tem livre acesso à cadeia pela porta da frente, como advogados e visitantes. A suspeita é reforçada pelo fato de a Pasc ter detectores de metais que deveriam revelar telefones.

A situação gera casos inusitados. Juízes que fiscalizam a cadeia costumam ser vistos com as “calças caindo” nos corredores porque deixam até o cinto na portaria para evitar o buzinaço dos detectores de metais. Enquanto isso, o preso Marcos Marcelo do Nascimento, sem sair da Pasc, responde a inquérito por porte ilegal de pistola encontrada na cela.

O mais recente caso da farra de celulares ocorreu na semana passada com a prisão preventiva de José Carlos dos Santos, o Seco, que já estava na cadeia, e foi identificado em escutas ordenando furtos e roubos de veículos. Segundo a polícia, Seco passava quase o dia todo com telefone no ouvido, o que é incomum entre quadrilheiros mais perigosos. Em geral, ele falam o mínimo necessário. Para driblar a vigilância, também costumam enxertar telefones entre os “caídos”, os presos mais pobres, que aceitam guardar os equipamentos em troca de drogas, cigarros, comida e produtos de higiene. Para os próximos dias, está prevista a instalação de um scanner corporal, equipamento que identifica objetos nas cavidades corporais. Para o secretário da Segurança Pública, Airton Michels, depois de o aparelho entrar em operação, não haverá mais “explicações” para a entrada de celulares na Pasc.

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