segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

PASC: ALTA SEGURANÇA SÓ NO NOME

Fuga na Pasc."Alta segurança da Pasc consta apenas no nome", diz juiz da Vara de Execuções Criminais da Capital. Casa prisional registrou neste domingo a terceira fuga da história; preso escapou pela porta da frente - zero hora online, 13/02/2012 | 15h15


O juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC) de Porto Alegre Alexandre Pacheco disse nesta segunda-feira que a Superintendência dos Serviços Penitenciários de Charqueadas (Susepe) já havia sido alertada para que tomasse providências em relação à Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Entre os itens elencados por Pacheco como falhas na unidade prisional estão o ingresso de celulares, problemas no sistema de monitoramento por câmeras e procedimentos adotados, por exemplo, para a visita íntima.

Neste domingo, um detento escapou pela porta da frente da cadeia após enganar a segurança. Em entrevista no programa Gaúcha Repórter, o juiz Alexandre Pacheco avaliou que a Pasc, que deveria servir de exemplo no RS, não se trata de uma unidade de alta segurança.

— A alta segurança da Pasc consta apenas no nome. E o principal problema é o ingresso de celulares. Nos últimos dois anos, mais de 200 celulares foram apreendidos, sendo a maior parte já com os presos. Ou seja, não foram recolhidos no momento do entrada — disse.

Ouça a entrevista na Rádio Gaúcha:


Segundo o juiz, a Pasc consta com um moderno aparelho detector de metais, o que deveria impedir a entrada de celulares.

— Então não tem justificativa. A Pasc dispõe de um aparelho detector de metais de alta tecnologia, diferente de outras cadeias que não possuem um aparelho tão moderno — disse Pacheco.

Segundo o juiz da VEC da Capital, um ofício cobrando medidas da Susepe com relação à Pasc foi enviado no dia 21 de fevereiro. O documento pedia providências e também um planejamento para que as soluções fossem colocadas em prática.

— A resposta veio 5 meses depois, em julho de 2011, dizendo que as medidas seriam tomadas, mas não quando seriam tomadas e nem quais medidas — disse o juiz.

Na entrevista, o juiz Alexandre Pacheco também disse que não há um controle adequado com relação à visita íntima, já que as companheiras estariam visitando os detentos nas celas e não nos espaços destinados para esse fim.

— Isso é um problema grave, já que companheiras podem levar algo para os presos. Existem locais próprios e destinados para isso.

Sobre as câmeras de segurança, o juiz disse que não "funcionam a contento".

— O que não impediu a fuga de um detento no ano passado, que pulou o muro da Pasc — explicou o juiz.

Segundo o juiz Alexandre Pacheco, a Pasc não enfrenta superlotação. O espaço poderia abrigar até 288 detentos, mas está com cerca de 230.

— Ela é destinada para presos de alta periculosidade, que têm mais de 70 anos por cumprir. E isso é justamente para que a Susepe tenha mais controle — concluiu.

Para o juiz, a Pasc deveria ser prioridade na destinação de investimentos. Ele criticou, por exemplo, a aplicação de recursos na construção emergencial de albergues na Região Metropolitana.

As críticas à Pasc ocorrem um dia após a terceira fuga registrada na história da unidade. Na tarde deste domingo, um preso fugiu pela porta da frente fazendo-se passar pelo irmão, que o havia visitado e ficou no interior da cadeia.

O episódio provocou o afastamento da direção da casa prisional, que está sob intervenção para apuração de falhas.

A primeira fuga foi do assaltante Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio. Já em junho do ano passado, foi a vez de Sandro Alexandro de Paula escapar.

A Rádio Gaúcha abriu espaço para a Susepe responder às críticas no mesmo programa. A assessoria de imprensa informou que o superintendente adjunto Mário Pelz não ouviu a entrevista e, por enquanto, não irá se pronunciar.

Após fuga de detento pela porta da frente, diretor e chefe de segurança da Pasc são afastados dos cargos. Superintendente adjunto da Susepe afirmou que não há indícios de envolvimento de servidores no caso - Eduardo Torres e Jocimar Farina - 13/02/2012 | 11h59

Desde o começo da manhã desta segunda-feira, a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) está sob intervenção. Foi a primeira medida tomada pela direção da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) a partir da terceira fuga da história da penitenciária. O diretor e o chefe de segurança da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) foram afastados dos cargos.

Com as medidas, o diretor adjunto do Departamento de Execução Penal da Susepe, Alberi Moura, é o interventor da casa prisional, no lugar de Renato Gomes, até então diretor da Pasc.

Na tarde deste domingo, por volta das 16h, Michel Bonotto, 31 anos, fugiu pela porta da frente da prisão, apontada como modelo de segurança no Estado. No lugar dele ficou o irmão Richley Bonotto, de 29 anos.

De acordo com o superintendente adjunto da Susepe, Mario Pelz, a intervenção foi necessária para garantir o prosseguimento da apuração dos erros que permitiram a saída do criminoso.

Para Pelz, a motivação da fuga teve um evidente erro humano. Apesar disso, ele descartou o envolvimento de servidores no caso.

— Os responsáveis pelo controle da saída dos visitantes não cumpriram medidas obrigatórias de segurança. Confiaram demais na fisionomia da pessoa que saía e erraram. Vamos apurar e determinar as responsabilizações — afirmou o superintendente.

Desde domingo, três corregedores da Susepe avaliam a quantidade de erros cometidos e a responsabilidade de cada um dos servidores que deveria ter impedido a fuga.

Segundo Mario Pelz, o apenado passou por cinco postos cruciais de avaliação. O superintendente adjuto da Susepe afirmou que as avaliações foram feitas, mas forma errada.

Os servidores deixaram, por exemplo, de comparar a assinatura de saída de Richely quando Michel deixava o local se passando pelo irmão. Outro erro foi o fato de o banco de dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias não ter sido consultado quando Michel deixava a cadeia.

Além dos erros dos servidores, a dupla de irmãos teria premeditado a fuga. Richely teria entrado de peruca na Pasc e a teria entregue ao irmão que fugiu. Nas câmeras da penitenciária, Michel, que estava de cabeça raspada, aparece com vasta cabeleira. Os irmãos também teriam apostado na grande semelhança física para ludibriar os servidores.

Segundo Pelz, a responsabilidade pela fuga não passa por eventuais falhas tecnológicas da penitenciária. Hoje, pelo menos quatro agentes penitenciários da Pasc ainda devem ser ouvidos pelos corregedores que comandam a sindicância já aberta. Todos os funcionários que estavam de plantão no dia das visitas prestarão depoimentos.

A Brigada Militar (BM) encerrou na manhã desta segunda-feira as buscas pelo fugitivo. Michel tem longa lista de passagens pela polícia, a maioria por roubo, sendo uma seguida de morte.

Já Richely foi autuado em flagrante por falsidade ideológica e está na Penitenciária Modulada de Charqueadas. Ele já tinha ficha criminal por assalto.

Esta foi a terceira fuga registrada na Pasc desde 1999. A primeira foi do assaltante Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio. Em junho do ano passado, foi a vez de Sandro Alexandro de Paula escapar.

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