ZERO HORA 08 de março de 2015 | N° 18095
SOCIEDADE E ERVA POLÊMICA
Que efeito teria nas penitenciárias?
De tanto frequentar as sucursais do inferno em que se converteram os presídios, a Pastoral Carcerária Nacional firmou posição: é contra a criminalização da maconha. A entidade está convicta de que a repressão move as engrenagens do encarceramento massivo, que aumentou 450% nos últimos 20 anos. O Brasil já tem 715 mil pessoas atrás das grades – a terceira maior população no mundo, depois dos EUA e da China.
Coordenador da pastoral, o padre catarinense Valdir João Silveira inclina-se pela ideia de que a descriminalização poderia aliviar a violência e diminuir o ritmo do aprisionamento. Atualmente, um em cada quatro detentos está trancafiado por comércio ilegal de drogas. A maioria (52%) é de jovens entre 18 e 29 anos, vindos das periferias.
– Este assunto (drogas ilícitas) nos é muito caro – afirma o sacerdote.
O advogado Paulo Malvezzi diz que a pastoral ainda não definiu qual seria o melhor modelo de regulação das drogas. Mas já concluiu que o regime de reprimir e punir faliu. Justamente nos presídios, onde deveriam ser recuperados, os condenados têm fartura de tóxicos.
A partir dos relatórios de 6 mil agentes (religiosos e leigos), a pastoral está alarmada com a situação de mulheres presas por tráfico. O contingente cresceu 260% em 10 anos, ante 105% dos homens. Em Estados fronteiriços, elas já representam 80% nas cadeias.
O enclausuramento de mulheres é mais traumático. Laços familiares se rompem, porque elas são apartadas dos filhos. Malvezzi cita outro agravante:
– O sistema prisional não foi pensado para a mulher. Em São Paulo, houve gestantes parindo algemadas.
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