segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

CORRUPÇÃO NOS PRESÍDIOS

 

ZERO HORA 19 de janeiro de 2015 | N° 18047


EDITORIAIS




A facilidade com que detentos das prisões gaúchas têm acesso desde celulares até drogas e armamentos choca pela absoluta falta de controle governamental e, principalmente, pela possibilidade de envolvimento de servidores públicos no esquema. O que fica evidente, em reportagem que Zero Hora publicou no domingo, é que parte expressiva do material ilegal recebido pelos presos passa, necessariamente, por algum servidor público. O que constrange a Superintendência dos Serviços Penitenciários e a Brigada Militar, encarregadas da gestão e da segurança das cadeias, é que não existe nada que indique o tamanho desses desmandos.

Se as próprias instituições responsáveis pelas prisões não sabem dimensionar a participação de seus agentes, como o Estado poderá combater a entrada de drogas e armas? Há até um conteúdo de ingenuidade nas declarações de autoridades ouvidas por ZH, segundo as quais é difícil afirmar categoricamente que funcionários públicos participam de atividades ilícitas. Como mostra a reportagem, não é plausível admitir que tudo o que entra de forma ilegal no Presídio Central, por exemplo, seja jogado por cima do muro ou passe, com as visitas, apenas por falhas nos controles de acesso.

A sensação transmitida pela reportagem é de que falta muito mais do que controle em todo o sistema prisional gaúcho, no qual, em algumas cadeias, a gestão informal foi assumida pelos próprios detentos. Prisões são locais em que a punição e a reabilitação deveriam conviver juntas. Não é o que acontece no Rio Grande do Sul. O Estado precisa, entre outras providências, aperfeiçoar sistemas de controle, com a contribuição de uma corregedoria externa que esclareça como se dá a promiscuidade entre funcionários e apenados.

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