quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

NÃO HÁ SEGURANÇA SEM INVESTIR EM PRESÍDIOS



ZERO HORA 27 de janeiro de 2016 | N° 18427


POLÍTICA + | Rosane de Oliveira




O principal clamor dos cidadãos diante do agravamento da violência é por mais policiais nas ruas. Policiais a pé, de bicicleta, a cavalo ou em viaturas aumentam a percepção de segurança, mas de nada adiantará nomear mais homens se não se combinar o aumento do efetivo com investimentos em tecnologia e, principalmente, em presídios.

Investir no sistema prisional não é apenas construir prédios que serão ocupados por presos que, sem uma atividade produtiva, sairão piores do que entraram. Preso tem de estudar e trabalhar, em vez de ficar comendo às custas do Estado e planejando crimes, mas são poucas as cadeias que oferecem essa possibilidade.

O novo presídio de Canoas, que deve começar a receber presos no primeiro módulo em fevereiro, integra um complexo planejado para oferecer trabalho e estudo aos presos, mas isso só vai ocorrer em um segundo momento. Em Venâncio Aires, o presídio foi construído com a previsão de ter como vizinho um distrito industrial, mas, até agora, a burocracia derrotou a boa intenção: o terreno ainda não foi repassado ao município.

Investir em presídios é mudar, também, as práticas vigentes nas cadeias. Não é admissível que os presos continuem usando celular nas celas, como se estivessem em casa ou no escritório. Preso com Facebook é uma aberração. Preso dando recado em grupo de WhatsApp é deboche.

A recente descoberta de que em Vacaria um apenado fez ou recebeu mais de 600 ligações em 15 dias e acessou a internet mais de mil vezes, combinando crimes, reforça a percepção de que a Susepe tem de ser reinventada. Nada muito diferente do que se vê em outras casas prisionais, haja vista a grande quantidade de telefones apreendidos em revistas.

Celular não tem pernas nem asas. Se chega até os presos é porque alguém leva – e ganha com isso. Dizer que todos são atirados para dentro do pátio ou levados pelas companheiras na visita íntima é subestimar a inteligência do distinto público. Se você não consegue entrar num banco com a chave do carro no bolso, por que é tão fácil entregar um smartphone a um preso? Mais eficaz do que bloquear o sinal é barrar a entrada dos aparelhos que conectam o preso com o mundo exterior.



ALIÁS


Em 2015, a polícia fez mais de 100 mil prisões no Rio Grande do Sul, mas isso não se traduziu em aumento da segurança, porque a lei é frouxa e dá ao delinquente a certeza da impunidade.

Um comentário:

Claudio Renato Zamora Costa disse...

Com certeza concordo que sem investimentos em estabelecimentos prisionais e gestão prisional não teremos resultados esperados. As policias precisam sim serem reinventadas, a Brigada militar força preventiva que chega depois que o crime acontece, a Policia Civil que acumula casos não resolvidos, o IGP idem, a SUSEPE que não ressocializa. Mas precisamos reinventar a sociedade em geral. Num breve passeio pela redenção domingo a tarde vemos grupos de jovens com seus cigarrinhos de maconha, em bares da cidade baixa nos banheiros rastros de pós branco sobre a pia deixados por jovens que discutem a sociedade e a violência, outros compram peças usadas de carros sem origem, todos alimentam a cadeia produtiva do crime e depois querem reinventar o que?????
CLAUDIO ZAMORA