“Dentro do Presídio Central, facções dominam as galerias” - ENTREVISTA -nDouglas de Melo Martins, juiz coordenador do Mutirão Carcerário no Rio Grande do Sul - zero hora 15/04/2011
Indicado pelo Conselho Nacional de Justiça para coordenar o Mutirão Carcerário no Rio Grande do Sul, o juiz maranhense Douglas de Melo Martins fez um balanço do trabalho em entrevista a ZH:
ZH – O senhor já atuou em mutirões em Paraíba, Amazonas, Maranhão e Alagoas. Como avalia a situação dos gaúchos?
Douglas de Melo Martins – Todos os Estados têm presídios em situação muito ruim e têm bons exemplos. Aqui tem o Patronato Lima Drummond, que é exemplo para o país. O Presídio de Taquara também. Está superlotado, os presos do regime fechado não têm onde se mexer, e, mesmo assim, a direção conseguiu empregar todos os presos. Todos trabalham dentro da unidade.
ZH– É possível comparar?
Martins – O Rio Grande do Sul tem suas soluções caseiras funcionando bem e também tem mazelas. De cara, já dá para dizer que é ruim: o Presídio Central de Porto Alegre. Não é que a gestão seja ruim. Mas afirmo: esse modelo de unidade prisional gigantesca está fracassado. Impede que se faça tratamento penal seriamente.
ZH – O Estado está entregando a execução da pena ao crime organizado no Presídio Central?
Martins – Isso é incontestável. Dentro do Central existem facções dominando as galerias. É questão de sobrevivência aderir. Se não aderir não tem proteção da família lá fora e não tem garantia que permanecerá vivo.
ZH – Há mistura de presos?
Martins – Há pessoas mais novas com pessoas mais velhas, doentes com sadios. Essa mistura é catastrófica. A separação é para diminuir o envolvimento de pessoas primárias com o crime organizado.
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